06 abril 2012

BANCOS PRIVADOS NÃO BAIXAM JUROS E COBRAM MUDANÇAS NO CRÉDITO


Geralda Doca e Gabriela Valente, O Globo

Sob pressão, depois do anúncio da derrubada dos juros pelo Banco do Brasil (BB) e pela Caixa Econômica Federal, os bancos privados, que já tinham sido convocados pelo governo, irão a Brasília na próxima terça-feira apresentar um conjunto de sugestões para reduzir o custo do crédito no país.
Eles querem mudanças no Cadastro Positivo (que permite aos bancos conhecer o histórico do cliente); medidas para facilitar a execução da dívidas de inadimplentes; e permissão para que os tomadores possam oferecer como garantia quotas de previdência privada; além de redução de impostos.

O conjunto de medidas foi elaborado por um grupo de trabalho, formado por diretores da área de crédito e risco dos bancos privados, coordenado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O encontro será no Ministério da Fazenda e terá a presença do presidente da entidade, Murilo Portugal.
Segundo interlocutores, os bancos privados avaliam que o spread (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final) somente cairá com a adoção de medidas de longo prazo, que melhorem as condições legais e tributárias e não apenas corte de juros “na canetada”.
Eles acreditam ainda que, mesmo com os cortes significativos nas taxas cobradas pelos bancos públicos, não vão perder clientes, porque há uma resistência natural em trocar de banco.
Os bancos alegam que o Cadastro Positivo, aprovado em junho do ano passado, não está servindo para reduzir os juros. Embora o instrumento permita à instituição saber se o cliente é bom ou mau pagador para medir o risco da operação (quanto mais alto, maior a taxa), a forma como o texto foi aprovado no Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho do ano passado dificulta sua aplicação, argumentam as instituições.
A lei exige autorização do cliente a cada consulta ao cadastro e responsabiliza o banco pelo uso da informação, que é prestada por terceiros. 

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