Comunicado público: Henrique Eduardo Alves, presidente da
Câmara dos Deputados, e Renan Calheiros, presidente do Senado, agradecem
de coração ao pastor Marco Feliciano o seu desempenho como presidente
recém-eleito da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
E se
oferecem para ajudá-lo a se manter no cargo se essa for sua vontade,
como parece. Na esperança de que seja, despedem-se felizes e aliviados.
Henrique e Renan em débito com o pastor Feliciano
Cadê
o movimento que recolheu mais de uma milhão e meio de assinaturas
pedindo o afastamento de Renan (PMDB-AL) da presidência do Senado por
falta de decoro? Esgotou-se?
Sua única finalidade era amealhar as
assinaturas? Não se ouvirá mais falar dele nas redes sociais? Nem do
alvo de sua sanha? Justificável sanha, por sinal! Alvo bem escolhido.
Como pode voltar à presidência do Senado alguém que renunciou a ela para não ser cassado?
Descobriu-se
que um lobista de empreiteira pagava as despesas de uma ex-amante de
Renan, e mãe de uma filha dele. Renan alegou que o pagamento era feito
com o seu dinheiro.
Descobriu-se mais tarde que ele forjou documentos para justificar um patrimônio que não tinha.
O
procurador-geral da República denunciou Renan ao Supremo Tribunal
Federal pela prática de três crimes: peculato (quando o servidor utiliza
o cargo para desviar dinheiro público), falsidade ideológica e uso de
documentos falsos.
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) corre o risco
de ser denunciado por esses crimes ou por alguns deles. Espera ter mais
sorte do que Renan.
O comando de um dos três poderes da República está entregue a dois espertalhões e pouca gente se incomoda com isso.
Chamá-los de patifes seria pedir para que me processassem.
Bastam
os processos a que respondo, dois deles movidos por Renan, dois pelo
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e um pelo senador Fernando Collor
(PTB-AL). Que trinca, hein? Quase uma quadrilha.
Concordo que o
pastor Feliciano não deve ser deixado em paz. É um poço de preconceitos.
Será incapaz de presidir com equilíbrio uma Comissão destinada a zelar
pelo respeito aos direitos humanos - em especial aos das minorias.
De
resto, é um notável picareta. Porque somente um picareta poderia
condicionar a eventual cura divina à doação de dinheiro ou de bens. E
reclamar do fiel que lhe deu o cartão de crédito, mas esqueceu de lhe
revelar a senha.
Então que se combata o pastor sem deixar, porém,
de conferir o devido destaque a tudo o que corrompe o exercício do poder
entre nós.
Por ora, para ficarmos somente no âmbito do Congresso:
quanto custará ao fim e ao cabo a eleição de Henrique Eduardo para a
presidência da Câmara?
Fez parte do preço a entrega da presidência de uma Comissão ao PSC de Feliciano.
Fez parte também o aumento da verba de gabinete.
É
de R$ 26.700,00 o salário mensal de um deputado. Mas ele recebe um
segundo salário para pagar despesas com alimentação, telefone, aluguel
de carros, combustível e passagem área.
De R$ 34 mil, o segundo
salário passará para R$ 38.600,00. É pago mediante a apresentação de
notas fiscais. Ninguém checa se as despesas foram de fato realizadas. E
se as notas não são frias.
Henrique saldou mais três parcelas do
preço de sua eleição: aumentou o auxílio-moradia de R$ 3 mil mensais
para R$ 3.800,00; eliminou o limite de reembolso para assistência médica
aos colegas; e aprovou a criação de 59 cargos em comissão.
Em sua defesa, lembra que limitou o pagamento do 14º e 15º salários anuais aos deputados.
Economia de palito de fósforo!
Pergunta que não quer calar: quem financiou a eleição de Henrique? Quem foi?
Nós, seus bobinhos! Nós!
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