Quatro dias após o deslizamento da barreira no local, moradores ainda não receberam nenhuma orientação da Prefeitura de Olinda.
Barreira desabou devido à chuva da segunda-feira (30).
Foto: Guga Matos/ JC Imagem
Editoria de Cidades
Uma promessa de auxílio-moradia no
valor de R$ 130,00, nenhuma resposta e medo de sobra. Quatro dias depois
da chuva que castigou a Região Metropolitana do Recife e provocou
deslizamentos de barreiras , isso é tudo o que restou aos moradores do
bairro de Águas Compridas, em Olinda.
"O que a gente quer é uma resposta, é saber o que vai acontecer. Se
vão destruir a casa, colocar a gente em outro lugar. Na quarta-feira, a
prefeitura veio fazer cadastramento para receber auxílio de R$ 130,00. O
que a gente consegue fazer com esse dinheiro? Só um aluguel custa, pelo
menos, R$ 350,00", reclama a moradora Edvanir Maria Fernandes, 29, cuja
casa está localizada na área de risco. Desde a última segunda-feira
(30), ela, o marido e os dois filhos estão hospedados na casa de
parentes.
Edvanir mora no terreno acima da barreira que desabou. Nas casas
vizinhas moram duas irmãs, que também tiveram que deixar suas casas por
causa da chuva. Uma delas, a doméstica Monique Gomes, voltou a dormir
com os três filhos pequenos na casa, porque não tinha para onde ir. "Eu
pensei: 'vamos dormir, seja o que Deus quiser'. A gente acordou com a
chuva de novo hoje, é um medo muito grande que eu tenho pela vida dos
meus filhos", emociona-se. O medo é partilhado pela filha de apenas 5
anos de Monique. "Ela fica assustada, diz que a casa vai cair".
Edvânia de Andrade, a irmã que vive na casa do meio, está muito
abalada desde que teve que deixar sua casa. "Minha mãe entrou em
depressão, está tomando remédio para dormir. Nem banho toma sozinha",
conta Sandriele Andrade, 15, filha de Edvânia. A adolescente contou que
dormiu sentada na casa desocupada esperando pelos agentes da prefeitura,
que deveriam ter ido na manhã desta sexta-feira (03) fazer poda de
árvores, mas não apareceram. "Tenho medo de dormir. Passei a noite
sentada na cadeira com medo, porque começou a chover de novo. A gente
anda com uma bolsa e os documentos. Se tudo cair, a gente fica com os
documentos e a roupa do corpo", lamenta a jovem.
Samuel Barbosa, 38, não deixou a casa, que fica na Rua Tijuca.
"Mandaram a gente sair, mas vamos pra onde? Nossa situação é de
emergência. A solução tem que chegar antes da tragédia, e não depois",
defende o desempregado. "Com o inverno chegando, se a prefeitura não
fizer nada, vai ser ainda pior", continua.
A Secretária de Obras de Olinda, Hilda Gomes, destacou que a
Prefeitura de Olinda não está ausente. "Passamos a tarde inteira lá.
Estamos fazendo cadastramento e estudando as soluções", explicou. A
secretária frisou que a prefeitura se solidariza com os moradores, mas
pede calma. "Tem que ser feito com calma, para não fazer coisa errada".
Hilda afirmou que, até a semana que vem, algum posicionamento será dado
aos moradores quanto ao futuro de suas casas.
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