Apesar de
toda a repercussão de qualquer ação do governo e da diplomacia iraniana
no complicado cenário da geopolítica mundial, parece que o país está
enfrentando um inimigo interno e oculto muito mais perigoso.
A recente
perseguição a cristãos no Irã, da qual a prisão e condenação à morte do
pastor Yousef Nadarkhani parece ser o maior exemplo, ao que tudo indica
não tem surtido o efeito desejado pelos seus líderes religiosos.
E é
justamente na cidade islâmica de Mashhad, local de peregrinação por ser a
terra natal do supremo lider do país, o aiatolá Seyyed Ali Khamenei,
que o avanço do cristianismo se faz sentir mais forte.
Embora não
tenham mostrado nenhuma evidência de suas alegações, clérigos muçulmanos
têm criticado abertamente aquilo que chamam de "onda de evangelismo"
por todo o país, com livros e folhetos cristãos sendo distribuídos de
porta em porta, "o que não é algo novo", segundo declarou o aiatolá
Mohammad Hassan Akhtari numa conferência na cidade sagrada xiita de Qom.
Na ocasião,
Akhtari afirmou ainda que "o cristianismo está sendo pregado em muitas
lojas na cidade islâmica de Mashhad e seus folhetos estão sendo enviados
aos endereços das pessoas sem nenhuma restrição".
Algum tempo
atrás, o diário Jomhouri-Eslami, uma espécie de porta-voz oficioso do
governo iraniano, publicou uma reportagem afirmando que "nos últimos
meses, tem crescido o número de igrejas nas casas em Mashhad. Outros
informes, por sua vez, dão conta de que 200 igrejas domiciliares são
reconhecidas na cidade islâmica".
E não é só o
cristianismo que tem crescido na República Islâmica do Irã, mas também
uma religião autóctone, a fé Baha'i, fundada por Bahá'u'lláh na Pérsia
do século XIX, que enfatiza a unidade espiritual de toda a humanidade, e
sobre a qual também recai forte perseguição das autoridades religiosas
do país.
Curiosamente,
esta atitude de misturar cristãos e baha'is no mesmo balaio de
restrições gera dificuldades para os líderes xiitas, já que, como o
próprio Alcorão ensina, o cristianismo é também uma religião abrâmica, e
portanto não deveria ter o mesmo tratamento que outra religião que não
segue o "povo do livro", como são conhecidos os judeus e cristãos.
Entretanto,
os evangelistas estão tão ativos por todo o país que as autoridades
iranianas (onde a política é intimamente relacionada ao Islã) estão
incentivando uma espécie de contra-evangelismo por parte dos muçulmanos,
felizmente na base de folhetos, livros e internet, mas sempre fica o
receio justificado de que a reação venha por meios físicos mais
violentos.
Tanto isso é
verdade que as próprias fontes iranianas suspeitam que todo esse
discurso anticristão tenha mesmo o objetivo subliminar de provocar as
forças de segurança do país a perseguir ainda mais os cristãos, o que -
infelizmente - não será nenhuma surpresa.
Agora, uma
coisa é certa: onde há fumaça, há fogo. Se os cristãos estão provocando
tanta reação, é porque estão incomodando. Oremos por eles e que possam
fazer seu trabalho em paz.
de O contorno sa sombra
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