Título
forte, polêmico? Não, caro leitor. É a expressão concreta do sentimento
de milhões de brasileiros diante de recente proposta feita pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) para a liberação do aborto até a 12ª
semana de gestação.
O presidente do CFM, Roberto D’Ávila, na
defesa de uma decisão que está em rota de colisão com a ética médica,
esgrime argumentos que não param em pé. “Vivemos em um Estado laico.
Seria ótimo que as decisões fossem adotadas de acordo com o que a
sociedade quer e não com o que alguns grupos permitem.” A estratégia de
empurrar os defensores da vida para o córner do fundamentalismo
religioso já não cola.
Um embrião e um feto (e querem promover o
aborto no terceiro mês da gravidez) são também uma pessoa, tanto do
ponto de vista científico como filosófico. É falsa a afirmação de que o
feto faz parte do corpo da mãe, e de que a mãe pode abortar por ter
direito sobre o seu próprio corpo.
Na verdade, a mãe é a
hospedeira, protetora e nutriz de um novo ser diferente dela, um outro
indivíduo. Biologicamente, o ser que está aconchegado dentro da mãe é
idêntico ao que estará sentado no seu colo com três meses ou à mesa com
ela quando tiver 15, 20 ou 50 anos de idade.
O embrião é distinto
de qualquer célula do pai ou da mãe; em sua estrutura genética, é
“humano”, não um simples amontoado de células caóticas; e é um organismo
completo, ainda que imaturo, que — se for protegido maternalmente de
doenças e violência — se desenvolverá até o estágio maduro de um ser
humano.
Quanto
às decisões apoiadas em suposto “consenso por interesse”, é útil
recordar que fruto dele foi a legislação que, durante séculos, definiu
que uma raça ou um povo são legalmente infra-humanos e que, portanto,
podem ser espoliados de direitos e tratados como “coisas”, também para
benéficas experiências científicas: é o caso do apartheid dos negros na
África do Sul e dos judeus aviltados e trucidados pela soberania
“democrática” nazista.
O brasileiro é contra o aborto. Não se
trata apenas de uma opinião, mas de um fato medido em sucessivas
pesquisas de opinião. O CFM, representando uma minoria, está promovendo
uma ação nitidamente antidemocrática.
Não obstante a força do
marketing emocional que apoia as campanhas pró-aborto, é preocupante o
veneno antidemocrático que está no fundo dos slogans abortistas. Não se
compreende de que modo obteremos uma sociedade mais justa e digna para
seres humanos (os adultos) por meio da morte de outros (as crianças não
nascidas).
Não sei como o CFM consegue articular sua proposta
pró-aborto com o juramento hipocrático. A posição da atual diretoria do
Conselho, tal como amplamente veiculada, não parece condizer com o
compromisso sobre o qual todos os médicos algum dia juraram. Não creio
que o Conselho represente o pensamento daqueles que, um dia, prometeram
se empenhar na defesa da vida.
Carlos Alberto Di Franco,
diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de
Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela
Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em
Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com). E-mail:
difranco@iics.org.br
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