UOL
O padre Roberto
Francisco Daniel, 48, que contrariou a Igreja Católica com declarações a
favor de homossexuais, foi excomungado nesta segunda-feira (29) pela
Diocese de Bauru (329 km de São Paulo), à qual estava subordinado.
Com a decisão,
padre Beto, como é conhecido, está proibido de celebrar cultos e de
receber a comunhão. Ele poderá receber a eucaristia somente na condição
de leigo, mas desde que recorra da decisão e demonstre "verdadeiro"
arrependimento pelos seus atos.
Um processo
para a demissão de padre Beto, pela Santa Sé, foi aberto nesta
segunda-feira por um juiz instrutor cuja identidade é mantida em
segredo. O juiz proibiu também membros da igreja de falarem sobre o
assunto.
Em nota, a
diocese de Bauru informa que o comportamento do pároco caracteriza
heresia e cisma, condutas que ferem o cânone 1.364 do Código de Direito
Canônico. A pena para esses delitos é a excomunhão.
"O referido
padre feriu a Igreja com suas declarações consideradas graves contra os
dogmas da Fé Católica, contra a moral e pela deliberada recusa de
obediência ao seu pastor (obediência esta que prometera no dia de sua
ordenação sacerdotal), incorrendo, portanto, no gravíssimo delito de
heresia e cisma", informa a nota.
A reportagem do
UOL apurou que padre Beto provoca dores de cabeça nos superiores
eclesiásticos há pelo menos dez anos. Padre Beto frequenta choperias,
usa piercing, imagens do guerrilheiro Che Guevara e apresenta um
programa de rádio AM no qual bebe e oferece bebidas aos convidados. Sua
participação em programas eleitorais também irritava a cúpula da igreja.
Ele foi ordenado sacerdote há 14 anos.
Diálogo
A diocese de
Bauru informa na nota divulgada hoje que por inúmeras vezes buscou o
diálogo com o padre rebelde, sem sucesso. O último teria sido na manhã
desta segunda-feira. Padre Beto, segundo a nota, "reagiu agressivamente"
ao ser abordado pelo juiz instrutor.
A excomunhão de
padre Beto ocorreu um dia depois de ele celebrar duas missas de
despedida da função. Ele optou por se afastar das celebrações após ter
sido intimado, pelo bispo dom Caetano Ferrari, na última terça-feira
(23), a se retratar pelas declarações contrárias à moral da igreja. O
prazo expirava nesta segunda-feira.
A reportagem
apurou ainda que, dada a repercussão internacional da polêmica em torno
do padre, a situação dele se tornou insustentável na igreja. Católicos
de todo o mundo teriam enviado pedido de providências contra o pároco ao
Vaticano, à diocese de Bauru e à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil).
Também foi um
agravante o fato de o padre Beto, no prazo que recebeu para se retratar
de suas declarações, ter convocado uma coletiva de imprensa, no sábado
(27), para anunciar que deixaria de celebrar missas, em vez de comunicar
primeiro seus superiores.
A cúpula de
Bauru também havia pedido para que seu subalterno retirasse alguns
vídeos na internet de teor supostamente ofensivo aos dogmas cristãos,
mas não foi atendida. Padre Beto admite, nos vídeos, que o amor entre
bissexuais seja possível mesmo que eles estejam vivam uma condição de
casamento heterossexual.
Nas duas
últimas celebrações que realizou no domingo (28), na igreja de Santo
Antônio, padre Beto recebeu o apoio de centenas de fiéis, que lotaram o
templo, nos períodos da manhã e noite.
Outro lado
Padre Beto foi
procurado para se manifestar sobre sua excomunhão, mas não atendeu às
ligações a seu celular. Nas missas de domingo, ele voltou a defender seu
ponto de vista. "Jesus amava os seres humanos independentemente da
condição social, da raça e da sexualidade", disse o religioso.
Genizah
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