Investigações já saltaram para 33 empresas
suspeitas de crime contra a economia popularA disparada dos números dá a medida
da gravidade da situação: em pouco mais de duas semanas de investigação, os
casos de empresas suspeitas de serem pirâmides financeiras saltaram de sete
para 33. É como se o Brasil tivesse descoberto um “mercado financeiro paralelo”
distante das regras legais, onde centenas de milhares de pessoas arriscam
grandes somas de dinheiro em esquemas tipificados como um crime contra a
economia popular. A tendência é aparecerem mais e mais casos suspeitos. Só nos
dois principais casos investigados, Telexfree e BBom, empresas com atividades
suspensas pela Justiça, está em risco o dinheiro de 1,3 milhão de pessoas. Há
dois meses, a Telexfree era formalmente a única suspeita de montar na internet
um esquema de pirâmide financeira.
Com o desenrolar do caso e a sequência de
ações judiciais e processos administrativos sobre ela, o Ministério Público
Federal e de oito Estados montou uma força-tarefa para investigar o tema. Como
resultado, o número de empresas suspeitas passou para duas há um mês, para sete
há 15 dias, 18 no início da semana e ontem chegou a 33, segundo o Ministério
Público do Rio Grande do Norte. “O que está acontecendo é que as empresas se
passam por marketing multinível, que para começo de conversa sequer é um
negócio por si só”, afirma a diretora executiva da Associação Brasileira das
Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), Roberta Kuruzu. O marketing multinível (ou de rede) é um modelo de divulgação que
tem como finalidade vender produtos ou serviços. Ou seja, o marketing
multinível não gera dinheiro algum e sim as vendas para consumidores fora das
empresas – no Brasil, os exemplos mais conhecidos são os cosméticos, de empresas
como Avon e Natura. “As pirâmides vestem uma
fantasia de marketing multinível e prometem ganhos exorbitantes, sem que haja
atividade comercial legítima”, diz Roberta.Essa “fantasia” de legalidade
dificulta a identificação fácil desses esquemas. Por isso a força-tarefa do MP
mira em uma empresa investigada por vez, pedindo bloqueio judicial de bens e
cadastros. No Acre o alvo foi a Telexfree, que se apresenta como fornecedora de
telefonia VoIP (ligações pela internet). Em Goiás, foi a BBom, que se diz
fornecedora de rastreadores para veículos.“O nosso objetivo é evitar novas
vítimas. O consumidor precisa ficar atento, principalmente com a proliferação
desses esquemas com a ajuda da internet e das redes sociais, bem como dessas
promessas de ganho de muito dinheiro sem ter que vender um produto ou serviço
real. Já em relação à pessoas que estão no esquema, os bloqueios dos bens
servirão para reaver o máximo possível do dinheiro investido”, explica, em
nota, Mariane Guimarães, procuradora do Ministério Público Federal em Goiás.
do Ne 10
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