Lembram-se do Tiririca, o palhaço eleito com a maior votação do pleito de 2010? Desiludido, anuncia que voltará a fazer graça nos palcos porque na política “não dá para fazer muita coisa”.
Basta
ver que mudanças na forma de fazer política ganharam passos muito
tímidos nos últimos dois anos. Em algumas frentes, em vez de avançar, o
país retrocedeu. Veja-se a seara partidária. A par de 30 partidos
existentes, pelo menos mais 31 estão sendo criados, a denotar a
proliferação abusiva de siglas e os desastrosos efeitos que acabarão
mercantilizando cada vez mais a política e jogando-a na bolsa de
negociação eleitoral.
Trata-se
de mais uma demonstração da massa amorfa em que se transformou a
estrutura partidária no país. Pior é anotar que isso ocorre num momento
de intensa crítica social contra práticas e costumes da velha política.
Nunca
se viu tanto alvoroço nas malhas da organização partidária como se
observa hoje, haja vista o interesse de múltiplos atores em procurar
janelas para sair de seus atuais abrigos partidários e, na pista do
troca-troca de agremiações, barganhar condições de apoio às candidaturas
em 2014, tanto na área federal quanto na esfera dos Estados.
As
500 mil assinaturas exigidas para registro de novas siglas ganham as
ruas sob um regime de pressa com prazo de validade. Afinal, para
participar do próximo pleito, os novos partidos deverão ser autorizados
pelo TSE até outubro deste ano (um ano antes). O que chama a atenção é o
foco de atuação das novas siglas. Os nomes sinalizam a especificidade
de interesses grupais em detrimento de escopos mais abrangentes e
coletivos.
Se levarmos em consideração um espectro partidário com,
por exemplo, 6 posições – esquerda, direita, centro, centro-esquerda,
centro-direita e extrema-esquerda – chegar-se-á a conclusão de que uma
constelação com mais de 60 entidades atenta contra o bom senso. Partido é
parte do todo, mas isso não significa inserir no arco do pensamento
nacional interesses de corporações, núcleos, movimentos etc.
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