Geração Y é um Blog inspirado em pessoas como eu, com nomes
que começam ou contem um ípsilon. Nascidos na Cuba dos anos 70 e 80,
marcados pelas escolas rurais, bonequinhos russos, saidas ilegais e
frustração. Assim é que convido especialmente Yanisleidi, Yusimí,
Yuniesky e outros que carregam seus ípsilons para que me leiam e me
escrevam.
Carregar um caderno de viagem é tão
difícil como estudar para uma prova de matemática no interior de uma
discoteca.
Atenta a nova realidade que se mostra ante meus olhos desde
que saí de Cuba, vi-me ante a alternativa de viver ou narrar o que me
ocorre, atuar como protagonista deste itinerário ou como a jornalista
que o cobre. Os dois pontos de vista são difíceis de serem postos lado a
lado, dado a velocidade e a intensidade de cada acontecimento, portanto
tratarei de ir colocando por escrito algumas impressões. Linhas do que
me sucede, fragmentos às vezes caóticos do que experimento.
A primeira surpresa do programa foi no
Aeroporto Jose Martí de Havana quando depois de atravessar a porta da
emigração vários passageiros começaram a se acercar e a me dar suas
mostras de solidariedade. O afeto foi crescendo na medida em que o
trajeto avançava e no Panamá encontrei uns venezuelanos também muito
carinhosos… Apesar de me pedirem o favor de que não subisse a foto com
eles para o Facebook… Para não terem problemas em seu país. Depois dessa
escala veio o vôo mais longo até o Brasil, com uma sensação mental e
física de descompressão. Como se houvesse estado submersa muito tempo
sem poder respirar e conseguisse agora ter uma inspiração de ar.
No aeroporto de Recife um lugar para o
abraço… Ali encontrei muitas pessoas que durante anos têm apoiado meu
empenho de viajar para fora das fronteiras nacionais. Houve flores,
presentes e até um grupo de gente me insultando que muito gostei –
confesso – porque me permitiu dizer que eu sonhava com que “algum dia em
meu país as pessoas pudessem expressar publicamente dessa forma contra
algo, sem represálias”. Um verdadeiro presente de pluralidade para mim
que chego de uma Ilha que tentaram pintar com a monocromática cor da
unanimidade. Mais tarde tive aceso a uma Internet tão rápida que quase
não compreendo, sem páginas censuradas nem funcionários olhando por cima
do ombro a página que visito.
Desse modo que até agora vai tudo muito bem.
Brasil tem me dado o presente da diversidade e do carinho, a
possibilidade de apreciar e narrar tantos assombros.
Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto
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