Eu como observador curioso do processo de impeachment do presidente paraguaio, nunca vi um caso tão veloz na sua resolução, até Cachoeira teve mais privilégios. O final foi o desejado pelos conservadores do país que formam maioria absoluta no Senado e Câmara onde se aprovou a remoção do mandatário. O vice-presidente Franco, assume o posto sem apoio da Unasul, após romper a coligação com Lugo.
O pretexto final para retirada de Lugo foi a onda de violência que culminou em 17 mortes. O Senado agiu como juizado e com veredicto pronto, um verdadeiro golpe de estado moderno. Para a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) uma “violação da ordem democrática”.
Mas, entre os prováveis motivos para a rápida articulação de esquerda paraguaia (assinalam os especialistas) estão: a manifestação de jovens de esquerda no Comando de Engenharia das Forças Armadas, em 2009, o uso de tropas militares em 2012 por sem-terra, violência no país, que teria sido tratada de forma incorreta e principalmente a falta de vontade política para combater os guerrilheiros do EPP (Exército do Povo Paraguaio). Esta última acusação tem caráter internacional, que prevê intervenção externa caso uma democracia esteja em perigo.
Por aqui, o Partido da Imprensa Golpista, manteve seu ar superior e previsível de comportamento no que tange ao grau de amor ao golpismo que se está vendo na mídia brasileira, onde o apoio sem medida dos poderosos da comunicação ao fato nos deixam enojados de ver em horário nobre tanto cinismo. Tentam passar para a população, a legalidade no processo que derrubou o governo legitimamente eleito.
O óbvio é que o processo foi rápido demais. Onde o Brasil não pode aceitar a legitimidade de um governo golpista, com um rito sumário imoral. Já tem gente insinuando que pode acontecer por aqui. O fato é que em toda ação existe sempre uma reação, e neste caso específico, de proporções políticas e econômicas ainda não calculadas, mas os prejuízos serão contabilizados muito em breve por inconsequência e perseguição puramente política.
Lugo afirma ter recebido ligações de apoio dos presidentes da Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina e Brasil, onde a Unasul fala também em “ruptura da ordem democrática”. A Nicarágua, Bolívia e Venezuela denunciaram no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) que o julgamento de Lugo é “um golpe de Estado encoberto”. Dos EUA vem a informação de preocupação com o Paraguai.
Há quem diga que diante do golpe, estão as motivações por interrupção 60 anos de poder do Partido Colorado e 35 anos de governo militar. Além disso, Lugo é ex-bispo católico ligado a movimentos sociais de esquerda com histórico atuação com os sem-terra, cuja oposição culpou Lugo pela crise que evoluiu para o impeachment e consumado.
Outro fato, é que a Igreja Católica não deu apoio a Lugo, antes, pediram a sua renúncia. Vale lembrar que Lugo, quando bispo teve diversos filhos. O Paraguai tem sua história marcada por golpes, ditaduras e quarteladas, na experiência democrática teve um golpe branco, parlamentar ou digamos "democrático", que passa a restituir infelizmente a história original.
Lugo pode não ter partido para o confronto e aceito a destituição por causa da sua formação cristã. Tentará rever seus direitos políticos, fato que já está decidida a sua derrota, tal qual João da Costa conseguir ser candidato a reeleição no Recife com aprovação do diretório nacional do PT.
O Paraguai é um pouco maior que o estado de Goiás, tem uma renda per capita, quatro vezes menor que o Brasil; por lá tudo parece estar dominado: Congresso, meios de comunicação e a própria Igreja. Os jornais por lá, não tratam o fato como golpe, o que referenda a ditadura, tal qual querem fazer por aqui. A partir de agora, avolumam-se os problemas internos e externos do país vizinho. Espero que não!
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