Informações sobre Fukushima são recebidas com desconfiança.
O incidente nas usinas, causado pelo terremoto e tsunami, não é o primeiro registrado em uma instalação do tipo no país.
Foi retomada a operação de resfriamento na usina de Fukushima, no Japão. Apesar do recomeço dos trabalhos, ainda é possível ver fumaça e vapor saindo da usina.
As autoridades não sabem a origem da fumaça. Dizem que é vapor. Continuam tentando reconectar energia elétrica, mas não se sabe se vai funcionar.
Há desconfiança entre os japoneses sobre as informações. Há a informação de que um mês atrás o reator de número 1 foi autorizado a funcionar. Ele completa 40 anos em 2011, e 40 anos é o tempo útil de um reator. O governo deu essa autorização após três dias de inspeção, que é muito pouco tempo. Por que o governo deu essa permissão?
Ao todo, 25% da energia do Japão vêm dessas usinas. O governo tem interesse que elas funcionem. A agência reguladora deveria zelar pela segurança delas. Mas os trabalhadores dessas usinas, quando se aposentam, muitas vezes vão trabalhar na empresa que as controla. Há uma promiscuidade entre os dois lados, o que causa uma desconfiança na população.
A imagem das usinas nucleares no Japão não anda bem há muito tempo. Já foi um começo difícil porque, para um povo que sofreu duas bombas atômicas, o medo da radiação nunca foi teórico.
Mas em um país sem petróleo, as usinas nucleares foram conquistando espaço. Hoje o Japão tem 55 e uma delas é a maior do mundo: chama-se Kashiwasaki Kariwa. No dia 16 de julho de 2007, um terremoto de 6.8 na escala Richter abalou a região onde ela está, perto de Nigata, do outro lado de onde fica a usina de Fukushima. Foram poucos mortos, mas com a fumaça saindo de um de seus sete reatores todos ficaram alarmados. Onde há fumaça há fogo, e no caso de um reator nuclear isso pode virar um inferno.
No primeiro dia, a empresa disse que não tinha acontecido nada. No segundo dia, admitiu que tinha tido alguns problemas e o projeto da usina não contemplava um terremoto tão forte e que tinham jogado cem litros de água contaminada no mar. No terceiro dia, disseram que a água estava bem mais contaminada e que não eram 100 litros, mas 1,3 mil. No quarto dia, a usina foi fechada e só reabriu em 2009, dois anos depois.
No primeiro dia, a empresa disse que não tinha acontecido nada. No segundo dia, admitiu que tinha tido alguns problemas e o projeto da usina não contemplava um terremoto tão forte e que tinham jogado cem litros de água contaminada no mar. No terceiro dia, disseram que a água estava bem mais contaminada e que não eram 100 litros, mas 1,3 mil. No quarto dia, a usina foi fechada e só reabriu em 2009, dois anos depois.
Os donos da Kashiwasaki são os mesmos da de Fukushima. As usinas nucleares têm um mau hábito de se acharem instalações secretas. A Kashiwasaki fica no litoral japonês, nas mesmas condições da de Fukushima. A sorte dela é que o tsunami perdeu força, apenas 60 quilômetros ao sul.
A usina estava desligada no dia do terremoto, em manutenção. Algum problema? Ela continua parada. Mas e para quem vive ao lado: vizinhos involuntários dessas potenciais bombas-relógio? Na cidadezinha de Higashidori, uma senhora diz que preferia que a usina estivesse em outro lugar. Um jovem diz que já existem moinhos com turbinas na região, que são melhores e mais seguros.
No país, duas novas usinas nucleares estão sendo feitas e mais 11 estão planejadas para serem construídas até 2018. Com o que aconteceu em Fukushima, esses planos agora devem ser revistos, mas mudar para formas mais ecologicamente corretas é uma decisão difícil e caríssima. Afinal, como desativar um setor que responde por um quarto da energia do país?
O escândalo de 2007 deixou marcas e ficou no ar um cheiro de mentira, que hoje prejudica o governo quando divulga informações sobre Fukushima. Na cidadezinha, a única providência dos moradores foi erigir um templo novinho de frente para a usina. Contra os monstros atômicos, eles contrapõem deuses, seres míticos capazes de durar séculos. Como o material radioativo produzido nas usinas nucleares.
As autoridades não permitem que a comida saia da região afetada pela radiação. Por isso, governo também estuda indenizar os fazendeiros do local.
do Bom Dia Brasil
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