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29 julho 2011

Você trocaria seu olfato pela tecnologia?

Estudo revela que 53% dos jovens desta geração escolheriam seu computador ou celular.


Foto: Getty Images Ampliar
Pesquisa aponta que 53% dos jovens trocaria o próprio olfato pelo computador ou celular
Você já imaginou o mundo de hoje sem computador, sem iPad, sem celular, sem internet e, o pior, sem o Google? O que você faria depois da escola num dia à toa em casa sem poder ligar para seus amigos ou baixar o novo CD daquela banda que você ama? Pode ficar tranquilo, o fim do mundo não está prestes a chegar.
Agora imagine seu dia-a-dia sem poder sentir o cheiro das coisas. Esqueça o cheiro do pão quentinho saindo do forno, o perfume de sua namorada. Nada do aroma da grama recém-cortada, nem do churrasco com seus amigos ou de um bacon bem crocante frito na manteiga.
Em qual dos dois mundos você escolheria viver?
Um estudo feito com jovens de 16 a 22 anos no mundo inteiro, divulgado na última semana pela agência de publicidade WMcCann, apontou que 53% deste público trocaria o próprio olfato pelo computador ou o celular. Segundo a mesma pesquisa, a necessidade de estar conectado o tempo todo ultrapassa hoje a importância dos sentidos humanos, mostrando o quão intrínseca a tecnologia se tornou para esta geração: a tecnologia como sendo nosso quinto sentido.

No Rio de Janeiro, o rotogramista Raphael Zero, de 22 anos, concorda com o resultado: "Eu pensaria umas cinco vezes, mas abdicaria do olfato”, diz. Para ele, um mundo sem internet ou seus gadgets favoritos, entre estes um iPhone, é impraticável. “Estou conectado o dia todo. Logo quando acordo, vejo os tweets da noite e checo também meu Facebook", conta. Dependende declarado de tecnologia, Raphael já adianta que teria uma crise abstinência caso isso um dia aconteça. “Eu ia me sentir sozinho, não gosto nem de imaginar”, afirma.
Pensa diferente de Raphael a paulistana Marina Reis, de 16 anos. Para ela, os sentidos humanos vêm, com certeza, em primeiro lugar. “Eu escolheria meu olfato, claro. O mundo lá fora está cheio de cheiros interessantes”, justifica. No lugar do iPod e do Messenger, Marina “leria um livro, jornal ou veria um bom filme”.”É possível viver sem internet”, diz. A estudante do ensino médio reclama que os gadgets, inclusive, podem atrapalhar no convívio com os amigos. “Tem vezes que meus amigos ficam trocando SMS ou vendo o Facebook quando estão na minha frente, eu fico irritada”, diz.
Aloísio Pinto, VP de Planejamento da WMcCann, afirma que a própria agência se surpreendeu com os números obtidos. “A gente achava que ninguém trocaria um sentido por um apetrecho tecnológico, mas pelo visto o olfato não está muito em alta”, brincou ele. Segundo o executivo, ficou claro com a pesquisa que a geração atual é muito mais social e usa essas conexões como moeda de troca.
“O que mais me surpreendeu foi o uso estratégico que os jovens fazem das redes sociais. Por que manter uma lista imensa de contatos? Além de te fazerem parecer mais popular, essas pessoas estão ali para ajudar em alguma necessidade futura, como uma festa que corre o risco de miar, por exemplo. É um gerenciamento muito pragmático, até cínico”, analisou Aloísio.
De acordo com a WMcCann, a tecnologia representa todos os amigos que você pode imaginar, todo o conhecimento e também entretenimento. A proximidade com esse universo estaria moldando a opinião dos jovens em relação ao conceito atual de comunidade e justiça. Por isso, apenas a ideia de perder a conectividade traz a péssima sensação de que ficaríamos sozinhos no mundo - ou ao menos distante dele. Nesta altura do campeonato, com 750 milhões de usuários ativos apenas no Facebook, esse processo é inevitável e irreversível.
A busca pela verdade
Em um mundo social cada vez mais latejante, fica difícil distinguir o que realmente estimula a atenção dos jovens entre dezenas de janelas, pop-ups e abas abertas. Segundo a pesquisa, neste cenário, o jovem acaba se tornando obsessivo pela verdade dando maior valor às ideias dos amigos, que servem como principal apoio nas decisões da vida, ultrapassando até mesmo os conselhos familiares.
“Meus amigos têm a minha idade e podem me ajudar a encontrar soluções bem mais práticas para meus problemas”, concorda Marina. Segundo ela, antes de falar com os pais ou irmãos, compartilha com os amigos as dúvidas da vida.
Foto: Getty Images Ampliar
A geração atual é, antes de tudo, obcecada pela verdade
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Outro dado relevante é que os internautas desta geração levam em grande consideração o que dizem nas redes os famosos e personalidades do show biz. A presença de gente como Luciano Huck e Marcelo Tas no Twitter, por exemplo, ajudou a quebrar o mito das celebridades, trazendo esses ícones para perto do cotidiano jovem e dando mais verdade a um mundo que vivia de fantasia.
O mineiro Matheus Silva Pacífico, de 21 anos, é fã da cantora baiana Pitty e sempre replica o que ela diz no Twitter. “Quando ela fala coisas bacanas, compartilho com meus amigos e sempre acrescento meus comentários”, diz ele. Já Raphael Zero gosta muito do “pessoal do CQC” e está sempre ligado nas piadas e sacadas dos apresentadores, como Rafinha Bastos e Danilo Gentili.
Em escala global, entre os famosos mais bem cotados estão Bill Gates, Barack Obama e Angelina Jolie.
Download ilegal não é roubo
Se para outras gerações não pagar por um produto era um crime grave, para esta o conceito já é outro - e doze anos depois do Napster, que hoje os mais novos nem sabem o que é, isso já se tornou natural na rotina online das pessoas. “A justiça tem um sentido muito mais abrangente. Hoje, ter acesso a músicas e vídeos sem pagar não é roubo. Juntar um monte de criações de outras pessoas e fazer algo seu, tampouco”, diz Aloísio.
Em Campo Belo, Minas Gerais, Matheus nunca pagou R$ 1 por um MP3. O jovem afirma que não pagaria nenhum preço por certas músicas, por isso faz downloads sem peso na consciência. Mas quando é muito fã de um artista, faz questão de ir à loja para comprar CDs, DVDs e completar sua coleção. Marina pensa parecido: “Sempre procuro as músicas no YouTube antes para saber se é bom de verdade”, diz. “Mas se só gosto de uma música do CD, não tem porque comprar.
Raphael reforça a teoria, alegando que a indústria fonográfica no Brasil cobra muito caro pela mídia física. “Se na internet é de graça, não tem porque comprar”, diz. “Sei que é ruim para quem fez a música, mas não estou roubando nada de ninguém. Roubo é o preço que se cobra por um CD no Brasil”, explica Raphael.

do IG

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