Segundo a organização, em média, os presídios abrigam 30% a mais de detentos do que deveriam, mas, em muitos casos, a porcentagem chega a até 100%
O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) denunciou nesta sexta-feira o 'preocupante padrão de violência nas prisões da América Latina', devido ao 'problema endêmico' de superpopulação das cadeias da região.'O maior problema das penitenciárias na América Latina é a superpopulação. Em média, as prisões abrigam 30% a mais de detentos do que deveriam, mas em muitos casos chega a até 100%, o que facilita as tragédias', explicou em entrevista coletiva o porta-voz do escritório, Rupert Colville.
O ACNUDH considerou que o incêndio que destruiu a prisão de Comayagua em Honduras nesta semana nada mais é do que outra entre tantas tragédias que ocorreram na região na última década.
'O escritório está preocupado porque os problemas que afetam as prisões não se limitam a Honduras. Há poucas semanas, houve uma onda de violência nas penitenciárias da América Latina, com mortes no Uruguai, Argentina, Venezuela e Chile', diz o comunicado divulgado pelo organismo.
'Em 2011, cinco jovens morreram e muitos outros ficaram feridos em um incêndio em um centro de detenção juvenil no Panamá', acrescenta a nota.
Para o Alto Comissariado, estes acontecimentos demonstram um 'padrão de violência na região, que é uma consequência direta de uma longa lista de problemas endêmicos que incluem cadeias saturadas de forma crônica, e a falta de acesso básico a condições de higiene mínimas', acrescenta.
Colville ressaltou que esta situação se agrava pela lentidão da Justiça e pelo 'abuso' do uso da prisão preventiva.
'Devido à saturação, falta comida, espaço e água e tudo isso gera violência, que leva a tragédias como a que ocorreu nesta semana', afirmou o porta-voz.
A nota cita casos de abusos e descumprimento dos padrões internacionais na Argentina, Brasil, Chile, El Salvador, Panamá, Uruguai e Venezuela.
Diante desta situação, o escritório de Direitos Humanos da ONU pediu a todos os países latino-americanos que estabeleçam mecanismos imparciais que possam fiscalizar as prisões e implementar os padrões internacionais de tratamento aos detentos.
da EFE
Nenhum comentário:
Postar um comentário