
Ano passado, após a demissão de seis ministros por denúncias de corrupção (o sétimo sairia em 2011), assessores palacianos passaram a difundir a tese de que a presidente Dilma preparava uma reforma ministerial e administrativa.
Fundiria pastas, extinguiria outras, e, sobretudo, não mais faria dos cargos de primeiro escalão moeda de troca partidária. O critério passaria a ser técnico; a base partidária que se adaptasse. Quem é do ramo duvidou, Lula protestou, mas a presidente colheu pontos junto à opinião pública.
Eis que anteontem, com a nomeação do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca, esse critério da excelência técnica foi magistralmente confirmado.
O novo ministro, que é engenheiro, fez sua primeira declaração pública: “Eu não ponho uma minhoca no anzol”. Na solenidade de posse, Dilma e o próprio nomeado tentaram atenuar o impacto da declaração, explorando, em seus respectivos discursos, a desastrada frase como figura de linguagem.
O ministro sapecou: “Colocar minhoca no anzol a gente aprende rápido; pensar nos outros é que é difícil”. E a presidente, por sua vez, acrescentou: “Ele é um bom engenheiro, ele é um bom gestor. Tenho certeza que o Crivella vai acrescentar muito às nossas minhocas colocadas no anzol”.
Em seguida, não conteve as lágrimas ao falar do ministro demitido, Luiz Sérgio, lamentando a circunstância imperiosa de ter de atender às alianças políticas. “Infelizmente, às vezes, é preciso prescindir de algumas pessoas no governo”. Não explicou por que “às vezes” isso é preciso. Nem é necessário.
Troque-se o “às vezes” por “sempre” e é possível ter uma ideia da realidade com que a presidente se defronta.
Crivella foi nomeado para tentar atenuar o mal-estar causado junto às igrejas evangélicas por recente (e igualmente desastrosa) declaração do secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho.
do Blog do Noblat
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