Agora a pouco, passei por uma conversa, com um irmão que estava revoltado diante das ações de um determinado"líder" da sua congregação. Vou logo adiantando que não entrarei em detalhes por causa da ética, mas não é novidade para ninguém que o quadro atual é calamitoso do pastorado, deixando o seu sentido original e mergulhado numa compra de título, mera infelizmente e banal. A Bíblia recomenda não tocar nos ungidos. A pergunta que segue é a seguinte: Onde estão?
Lógico que para toda regra há exceção, mas está ficando difícil descobrir justamente as exceções. Tem muita gente confundindo pastor com pregador. Ouvi esta semana a expressão: "Fulano merece ser Presbítero, nesta "consagração" pois já tem tantos anos como diácono, é merecido!" É merecido o que? É promoção? Outro me disse em tom de ironia, que o critério é ter um boa conta bancária.
O que eu sei é o seguinte, no ministério pastoral, além de ser um administrador, professor e conferencista, tem que ter espírito, alma e corpo comprometidos com a causa e não somente intelecto. Coisa que observo em muitos não ter, senão não faziam coisas de menino. Qualquer marqueteiro (e não precisa ser evangélico) que estuda ética pastoral, se sai muito melhor no contexto, apenas com intelecto.
Pois se você tem um senhor, que se arvora a ser "pastor" que é partidário é vergonhoso; e quando este toma a decisão de ouvir um lado da história e julga o caso, é no mínimo estúpido. Conheço vários destes casos, sei de um caso que o "líder" conversava com o liderado através de um interlocutor. Talvez para não demonstrar sua incapacidade linguística. Muitos pensam que grito é liderança.
Ouvi na congregação muitas coisas que a palavra não diz, mas também lá no templo aprendi a palavra do Senhor. Vi pastores na minha meninice que sentinham paixão pelas almas. Desejavam a salvação das almas, mesmo sem curso de teologia, saiam a campo, visitavam os afastados e enfermos levando consigo o óleo e via-se o resultado; tinham uma atitude solidária e não apenas mercantil.
Num congresso que estava em São Paulo esta semana, encontrei com um pastor que sentia alegria no repartir as boas-novas, mesmo num encontro político. Havia muita gente taxada de rebelde pela igreja e que não estava nem aí para a reunião política, estando lá só pelo turismo. Mesmo assim, o pastor estava evangelizando o marido da irmã tal, o filho do diácono fulano, a filha do líder beltrano.....
O irmão continuava mais revoltado ainda, pois me dizia: Qual a alegria que este homem demonstra com o sucesso dos membros? Ele, só pensa nele! Desabafou. Esta é uma opinião que eu tenho de pastor: Alguém que é falível, mas é humano, ao ponto de festejar o casamento, a alegria do nascimento, a alta do hospital e mantém a serenidade no falecimento de alguém da igreja.
Faz festa quando alguém conquista o emprego, viabiliza contatos de abertura de portas para quem está desempregado e alegra-se por alguém ter saído do aluguel. Cuida do idoso como se fosse seus avós, devendo ser uma espécie de membro da família, que torce, que vibra quando alguém passa no curso de alfabetização, primário, secundário, graduação e pós na faculdade.
Ser pastor entendo que é ser amigo, conselheiro, disciplinador, que não coloca entraves na vida de jovens consagrados por medo da concorrência. Ser pastor é desejar o bem, é chorar, visitar de madrugada, não se negar, mesmo que não tenha carro.
Receber bem a oposição, abraçar os excluídos. Por sinal, sei de um caso de uma pessoa que tinha uma opção sexual diferente e que era discriminada. Perguntei aos tais que colocavam pedras no caminho, se sabiam que ao fazer tal ato, era configurado pecado diante de Deus e crime perante a justiça. Disseram que eu era advogado do diabo. Só para ironizar, respondi que assisti ao filme.
Lembrei também de um fato no centro da cidade do Paulista, que estava-mos articulando ajuda para uma entidade espírita, e um irmão disse o seguinte: Você sabe que está errado, não? Eu perguntei em que? Em ajudar quem tem fome? E disparei: estômago tem religião?
Lógico que os pastores sofrem ingratidão, principalmente daqueles a quem tanto se ajudou. O pastor tem de ter um bom ouvido para o entristecido pela perda de um amor, ouvir a mesma história uma porção de vezes por parte do carente, necessitado, família do drogado, da prostituta, do traficante, do irmão revoltado, desprezado, mexeriqueiro e por aí vai. Afinal este também é ofício do pastor, além de chegar cedo na congregação, e dar aquela canseira no zelador. Aliás, você observa com frequência tais ações na sua congregação?
O que se ver hoje em dia, são pastores que não participam mais de festas, nem confraternização com a igreja, por medo de interagir e de cometer gafes. Imaginem participar da parte chata, do hospital ao cemitério? Manda o diácono. Ser pastor é não ter outro interesse senão o pregar a Cristo. Hoje a gente observa que tem-se muitos escritores , doutores, pregadores e por aí vai, menos, pastor.
Se envolvem com negócios deste mundo, buscam riquezas, fama e posição, dão atenção para uns (de preferência os ricos), esquecendo-se dos outros. Ficam do lado dos jovens contrariando os adultos e vice-versa. Esqueceram que a igreja é compostas de anciãos, adultos, jovens, adolescentes e crianças. Afinal, entendo que igreja é para reunir a família e atrair as que ainda não confessam Cristo.
Outro detalhe que observo, e muita gente também que tem unção ver , é que os pastores envolveram-se em demasia com as pessoas e perdem a linha divisória. Alguns aceitam subornos ou vamos chamar de "presentes", passam a mão na cabeça de uns e até consagram os tais ou desprezam os que não procedem conforme as suas "regras".
Disse ainda ao irmão que ser pastor é ser pai. Ele arregalou os olhos e disse o que? Imediatamente respondi: Não como Jacó ou Davi, mas deve disciplinar com carinho, amor, firmeza da vara da correção e, não da exclusão de pessoas queridas. Devendo obedecer a Bíblia, seguir a Deus, não ao coração.
Ser pastor é ser justo, saber dizer não, quando a emoção manda dizer sim. Significa ter a consciência de não ser sempre popular, também ser humilde por não ser convidado para uma festa ou evento e ainda assim manter a postura, a educação. O que em muitos casos não se vê, pelo contrário há desabafos e relato de sua atuação sempre que 'falta assunto' na Bíblia.
Entendo que ser pastor é amar aos filhos da mesma forma que ensina aos pais amarem aos seus. É preocupar-se menos com o que os outros vão pensar e mais no que se vai aprender, Ser pastor é crer contra as possibilidades, esperar com confiança, transmitir otimismo e força de vontade.
Quanto a nós, disse ao irmão: Vamos procurar um local que tenha um pastor de verdade, entregar a oferta com constância, proporcionalidade e generosidade, participar dos órgãos, da EBD, ir aos cultos e de oração e amar o pastor. Critica-lo até que é fácil, mas precisamos dar também o incentivo necessário e chamá-lo para conversar.
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