Em ato com o candidato petista Fernando Haddad e bolsistas do ProUni, ex-presidente critica adversários tucanos e diz ter orgulho de combate à corrupção em seus mandatos
Em ato de campanha do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad
, com estudantes, na noite desta quinta-feira (28), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
atacou tucanos e disse que ninguém deve ter vergonha do julgamento do mensalão
. Para Lula, a população deve ter "orgulho" do combate à corrupção nos
seus dois mandatos. Foi a primeira vez que Lula se referiu ao mensalão
desde o início da campanha.
"No nosso governo as pessoas são julgadas e tudo é
apurado. Na nossa casa, quando nosso filho é suspeito de cometer um
erro, nós investigamos e não culpamos os vizinhos, como eles costumam
fazer", afirmou o ex-presidente. A reação de Lula foi provocada pela
manifestação de um estudante, que causou constrangimento no início da
cerimônia que reuniu bolsistas do ProUni, na Uninove, ao levantar uma
faixa com a inscrição "Renovação com Mensalão? PT do Lula, PT do Haddad,
tem o mensalão".
O estudante foi hostilizado pelos demais presentes e teve
a faixa arrancada de suas mãos. Lula aproveitou a oportunidade para
tratar da crise que atingiu o seu governo, em 2005, e tem sido usada
pelo candidato do PSDB, José Serra
, contra Haddad. Sem citar diretamente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
, Lula citou a emenda constitucional que instituiu a reeleição no País,
aprovada em 1997, e conclamou os estudantes a reagirem contra o que
chamou de "mentiras".
"A gente não pode deixar de esquecer que o
procurador-geral da República no tempo deles era chamado de engavetador.
Vocês não podem esquecer da compra de votos em 1996 (sic) para aprovar a
reeleição neste País", afirmou Lula. "Se juntarem todos os presidentes
da história do Brasil, vocês vão ver que eles não criaram instituições
para combater a corrupção como nós criamos em oito anos. Sintam orgulho
porque, se tem uma coisa que fizemos, foi criar instrumentos para
combater a corrupção."
De microfone em punho e sob aplausos, Lula prosseguiu na
defesa de seu governo. "É só ver o que era a Controladoria-Geral da
República, a Polícia Federal e o grau de liberdade do Ministério Público
antes de nós."
Ainda sem citar nomes, o ex-presidente fez referência
indireta ao PSOL ao dizer que, em 2006, a imprensa tentou inflar a
candidatura de uma ex-militante do PT - a ex-senadora Heloisa Helena - e
pediu a Haddad que não responda ao "jogo rasteiro" de quem tenta
ligá-lo ao mensalão. "Mais uma vez, aquele senhor que ofendeu a Dilma
até onde ninguém jamais tentou ofender agora está ofendendo Haddad",
afirmou Lula, lembrando a disputa presidencial de 2010.
Haddad também adotou o tom crítico ao PSDB e à oposição
ao governo federal petista. O candidato atacou os críticos do
"bolsa-esmola" e disse que Lula promoveu uma revolução na educação.
"Essa revolução não seria feita por um doutor conservador, tinha de ser
feita por um operário", afirmou. Ao chamar a oposição de "xarope" por
"torcer para que as coisas deem erradas", fez uma provocação ao senador
tucano Aécio Neves
(MG). "Se o Aécio quer ser presidente, estuda um pouquinho. Lê um livro por semana"
A plateia formada por bolsistas do ProUni, o candidato
fez uma ligação entre o programa à sua passagem como chefe de gabinete
da Secretaria de Finanças da gestão Marta Suplicy (2001-2004). Haddad
disse que o embrião do ProUni surgiu naquela época, como um programa de
desconto no ISS em troca de financiamento de bolsas universitárias, mas o
projeto não vingou.
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