Manoel dC
Vendo as finais
de jogos de vôlei nas Olimpíadas de Londres, começou a se configurar em
minha mente um conceito bíblico bem delineado: Nem sempre quem começa
bem, termina bem, ou na melhor das hipóteses, é melhor começar mal e
terminar bem.
O vôlei feminino
conquistou o ouro em Londres, mas só depois de perder o primeiro set com
larga vantagem para o fortíssimo adversário USA, depois conseguiu virar
heroicamente o jogo e conquistar a tão desejada medalha de ouro,
ganhando por três sets a um. Começou mal e terminou bem.
Já o time
masculino foi exatamente o oposto: ganhou fácil os dois primeiros sets, e
quando foram para o terceiro set, o técnico russo mudou a tática,
trocando a posição do gigante Dmitriy Muserskiy, que chega a pular quase
a altura dos clássicos ônibus de dois andares de Londres, e numa virada
fantástica, reverteu o quadro, e a seleção brasileira perdeu
clamorosamente para a Rússia com um largo placar no quinto set.
Começou bem e terminou mal.
É claro, que é
sempre melhor começar bem e terminar bem e coroar com sucesso o final de
qualquer coisa na caminhada que cada um de nós tem que trilhar nesse
mundo, incluindo casamento, emprego, relacionamentos, vida financeira,
principalmente e imcomparavelmente a carreira cristã, mas em alguns
casos, quando nossa humanidade interfere, ou quando nos quedamos diante
de fraquezas, em última análise, é melhor começar mal, mas terminar bem.
O fim sempre é mais determinante que o começo, ainda mais quando se
define nosso destino eterno, no fim.
Senão vejamos alguns exemplos na Bíblia:
Salomão é um
exemplo negativo de gente que começou bem e terminou mal. Cheio de
humildade no início da vida pede sabedoria pra viver, se tornando o
homem mais sábio do mundo. Escreveu provérbios, Eclesiastes e cantares.
No fim da vida se enrolou com os deuses de suas concubinas.
Começou bem e terminou mal.
Demas é outro
exemplo de como não deve ser nossa caminhada terrestre. Considerado
colaborar de Paulo, elogiado por sua dedicação irrestrita à causa do
Reino, prisioneiro voluntário para acompanhar Paulo na prisão de Roma,
depois de um tempo recebe uma palavra decepcionante que sai do punho do
próprio Paulo se queixando a Timóteo: Porque Demas, tendo amado o
presente século me abandou e foi para Tessalônica.
Começou bem e terminou mal.
Temos casos de
igrejas que perderam o foco, que antes eram benção, e depois foram
motivo de exortação e reprimendas. Também começaram bem e terminaram
mal.
- Os gálatas.
Palavras de Paulo: Admiro-me muito que vocês estejam passando tão
rapidamente daquele que chamou vocês na graça de Cristo para outro
evangelho. Agora que conhecem a Deus, como estão voltando aos velhos
rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo querem ser escravos? Vocês
começaram bem a corrida da fé, quem os impediu de continuar a obedecer à
verdade?
Começou bem e terminou mal.
- Os Efésios.
Essa igreja começou bem. Amor efervescente, nunca esmorecia, trabalhava
sem cansar, perseverante, suportou provas incríveis pelo Nome de Jesus,
aguerrida no propósito de agradar a Deus, conhecedora das Escrituras,
desmascarava homens maus e falsos profetas mentirosos. Ponto. Mudou para
pior. Abandonou a chama do primeiro amor. Caiu da alta posição da
graça, derrapou na lama da religiosidade legalista. Precisava se
arrepender. Se lembrar de onde havia caído.
Começou bem e terminou mal.
Mas graças a Deus que temos também exemplos de gente que começou mal e terminou bem.
Jacó é um caso
clássico de quem começou mal e terminou bem. De trapaceiro e mentiroso,
calculista e dissimulado, muda a vida ao transpor o ribeiro de Jaboque
quando se atraca em luta livre com um anjo, não um anjo comum, mas o
Anjo do Senhor, Jesus pré encarnado aparecendo no Velho Testamento. Ali
viu a oportunidade única de mudança, e se aferrou a ela com unhas e
dentes: Não te deixarei, enquanto não me abençoares. E foi. Sair
mancando, tocado na articulação da coxa, o sol nasceu diferente para
Jacó. Uma nova vida brotou.
Começou mal e terminou bem.
João Marcos,
autor do Evangelho que carrega seu nome, sobrinho de Barnabé e filho na
fé de Pedro, começou mal sua caminhada de fé, participante da primeira
viagem missionária de Paulo, voltou pra casa na metade do caminho, Paulo
nega novas possibilidades de novas empreitadas missionárias com o jovem
fujão desistente, mas Barnabé se aproxima dele, o discipula, Pedro
também se acerca dele, contando as aventuras junto a Jesus, experiências
que o faz um homem maduro na fé, um escritor objetivo, tão necessário à
causa do Reino, a tal ponto de Paulo já velho, esquecido por muitos na
prisão definitiva em Roma que antecedeu sua execução, escrever que
precisava muito da companhia de João Marcos, porque lhe era útil ao
ministério.
Começou mal, terminou bem.
Antes assim. Bem
melhor seria começar bem e terminar bem. E na Bíblia tem milhares de
exemplos desse naipe de gente, como o apóstolo Paulo que no final da
corrida, declarou: combati o bom combate, completei a carreira e guardei
a fé.
Mas me encho de
esperança e gratidão incontida, pelas novas chances que são oferecidas
aos segundos, terceiros e até últimos lugares nas olimpíadas da corrida
cristã, me alegra saber que alguns corredores, mesmo com algumas falhas
que a vida lhes impôs, ou tropeçando de cansaço pelo caminho, mesmo
assim, serão últimos convidados a ser primeiros, incentivados a subir ao
pódio da fé e firmarão para sempre os pés ali.
Você me perguntará por quê... E eu respondo:
Porque o pódio celestial é bem maior do que a gente pensa.
Porque o Evangelho é da graça imerecida.
Porque em muitos aspectos, é melhor começar mal e terminar bem.
do Genizah
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