Rádio A Melhor do Universo

02 outubro 2012

É MELHOR COMEÇAR MAL E TERMINAR BEM




Manoel dC


Vendo as finais de jogos de vôlei nas Olimpíadas de Londres, começou a se configurar em minha mente um conceito bíblico bem delineado: Nem sempre quem começa bem, termina bem, ou na melhor das hipóteses, é melhor começar mal e terminar bem.

O vôlei feminino conquistou o ouro em Londres, mas só depois de perder o primeiro set com larga vantagem para o fortíssimo adversário USA, depois conseguiu virar heroicamente o jogo e conquistar a tão desejada medalha de ouro, ganhando por três sets a um. Começou mal e terminou bem.

Já o time masculino foi exatamente o oposto: ganhou fácil os dois primeiros sets, e quando foram para o terceiro set, o técnico russo mudou a tática, trocando a posição do gigante Dmitriy Muserskiy, que chega a pular quase a altura dos clássicos ônibus de dois andares de Londres, e numa virada fantástica, reverteu o quadro, e a seleção brasileira perdeu clamorosamente para a Rússia com um largo placar no quinto set.

Começou bem e terminou mal.

É claro, que é sempre melhor começar bem e terminar bem e coroar com sucesso o final de qualquer coisa na caminhada que cada um de nós tem que trilhar nesse mundo, incluindo casamento, emprego, relacionamentos, vida financeira, principalmente e imcomparavelmente a carreira cristã, mas em alguns casos, quando nossa humanidade interfere, ou quando nos quedamos diante de fraquezas, em última análise, é melhor começar mal, mas terminar bem. O fim sempre é mais determinante que o começo, ainda mais quando se define nosso destino eterno, no fim.

Senão vejamos alguns exemplos na Bíblia:

Salomão é um exemplo negativo de gente que começou bem e terminou mal. Cheio de humildade no início da vida pede sabedoria pra viver, se tornando o homem mais sábio do mundo. Escreveu provérbios, Eclesiastes e cantares. No fim da vida se enrolou com os deuses de suas concubinas.

Começou bem e terminou mal.

Demas é outro exemplo de como não deve ser nossa caminhada terrestre. Considerado colaborar de Paulo, elogiado por sua dedicação irrestrita à causa do Reino, prisioneiro voluntário para acompanhar Paulo na prisão de Roma, depois de um tempo recebe uma palavra decepcionante que sai do punho do próprio Paulo se queixando a Timóteo: Porque Demas, tendo amado o presente século me abandou e foi para Tessalônica.

Começou bem e terminou mal.

Temos casos de igrejas que perderam o foco, que antes eram benção, e depois foram motivo de exortação e reprimendas. Também começaram bem e terminaram mal.

- Os gálatas. Palavras de Paulo: Admiro-me muito que vocês estejam passando tão rapidamente daquele que chamou vocês na graça de Cristo para outro evangelho. Agora que conhecem a Deus, como estão voltando aos velhos rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo querem ser escravos? Vocês começaram bem a corrida da fé, quem os impediu de continuar a obedecer à verdade?

Começou bem e terminou mal.

- Os Efésios. Essa igreja começou bem. Amor efervescente, nunca esmorecia, trabalhava sem cansar, perseverante, suportou provas incríveis pelo Nome de Jesus, aguerrida no propósito de agradar a Deus, conhecedora das Escrituras, desmascarava homens maus e falsos profetas mentirosos. Ponto. Mudou para pior. Abandonou a chama do primeiro amor. Caiu da alta posição da graça, derrapou na lama da religiosidade legalista. Precisava se arrepender. Se lembrar de onde havia caído.

Começou bem e terminou mal.

Mas graças a Deus que temos também exemplos de gente que começou mal e terminou bem.

Jacó é um caso clássico de quem começou mal e terminou bem. De trapaceiro e mentiroso, calculista e dissimulado, muda a vida ao transpor o ribeiro de Jaboque quando se atraca em luta livre com um anjo, não um anjo comum, mas o Anjo do Senhor, Jesus pré encarnado aparecendo no Velho Testamento. Ali viu a oportunidade única de mudança, e se aferrou a ela com unhas e dentes: Não te deixarei, enquanto não me abençoares. E foi. Sair mancando, tocado na articulação da coxa, o sol nasceu diferente para Jacó. Uma nova vida brotou.

Começou mal e terminou bem.

João Marcos, autor do Evangelho que carrega seu nome, sobrinho de Barnabé e filho na fé de Pedro, começou mal sua caminhada de fé, participante da primeira viagem missionária de Paulo, voltou pra casa na metade do caminho, Paulo nega novas possibilidades de novas empreitadas missionárias com o jovem fujão desistente, mas Barnabé se aproxima dele, o discipula, Pedro também se acerca dele, contando as aventuras junto a Jesus, experiências que o faz um homem maduro na fé, um escritor objetivo, tão necessário à causa do Reino, a tal ponto de Paulo já velho, esquecido por muitos na prisão definitiva em Roma que antecedeu sua execução, escrever que precisava muito da companhia de João Marcos, porque lhe era útil ao ministério.

Começou mal, terminou bem.

Antes assim. Bem melhor seria começar bem e terminar bem. E na Bíblia tem milhares de exemplos desse naipe de gente, como o apóstolo Paulo que no final da corrida, declarou: combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé.

Mas me encho de esperança e gratidão incontida, pelas novas chances que são oferecidas aos segundos, terceiros e até últimos lugares nas olimpíadas da corrida cristã, me alegra saber que alguns corredores, mesmo com algumas falhas que a vida lhes impôs, ou tropeçando de cansaço pelo caminho, mesmo assim, serão últimos convidados a ser primeiros, incentivados a subir ao pódio da fé e firmarão para sempre os pés ali.

Você me perguntará por quê... E eu respondo:

Porque o pódio celestial é bem maior do que a gente pensa.
Porque o Evangelho é da graça imerecida.
Porque em muitos aspectos, é melhor começar mal e terminar bem.


do Genizah

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