Casa foi atingida por um deslizamento na madrugada desta quinta-feira (3).
Ronaldo Cândido, de 25 anos, sofreu apenas arranhões na cabeça.
Logo após o incidente, Ronaldo ajudava na limpeza do local (Foto: Chandy Teixeira/G1)
"Eu nasci de novo, tudo graças à minha família". Estas foram as
palavras de Ronaldo Carlos Baptista Cândido, de 25 anos, horas depois de
ser salvo por familiares após ser soterrado depois de um deslizamento
na madrugada desta quinta-feira (3), no bairro Siméria, em Petrópolis,
Região Serrana do Rio.
Na casa, localizada na comunidade Vai Quem Quer, também estavam a mãe e
dois irmãos do Ronaldo. Chovia muito no momento e Elizabeth Baptista,
48 anos, mãe do rapaz, resolveu não dormir para monitorar a situação.
Ela conta que, assustada, tentou acordar os filhos, mas não foi
atendida. Minutos depois, uma avalanche de lama atingiu o quarto da
casa. Ronaldo acabou ficando soterrado.
Além da grande quantidade de terra, o rapaz ficou ainda embaixo do
colchão em que dormia, o que o acabou amortecendo o impacto de uma pedra
que o atingiu na cabeça. "Se eu tivesse dormido, todo mundo iria
morrer", diz ela. "Quando vimos ele já estava embaixo da terra. Tivemos
que tirar ele com as mãos mesmo. Quando ele saiu, ele já tava
completamente sem fôlego", conta.
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Ronaldo ficou cinco minutos com apenas os pés livres. Já não
conseguindo respirar, ele diz que temeu pelo pior. " Eu estava dormindo.
Foi tudo muito de repente. Eu ouvi um estrondo muito grande e a minha
mãe me chamar desesperada", diz. "Quando eu tentei sair a terra veio,
me imprensou e eu fiquei embaixo do colchão, que me salvou de uma pedra
ainda", afirma.
Ele chegou a pensar que iria ser asfixiado. "O tempo foi passando e eu
comecei a ficar sem ar. Eu não escutava nada. Achei que fosse morrer. Eu
nasci de novo, tudo graças à minha família", diz.
Elizabeth, ainda muito abalada, conta que o filho ainda discutiu com ela quando pediu para que ficasse acordado. Ela acredita que o fato dela ter ficado acordada durante a noite salvou toda a família.
Elizabeth, ainda muito abalada, conta que o filho ainda discutiu com ela quando pediu para que ficasse acordado. Ela acredita que o fato dela ter ficado acordada durante a noite salvou toda a família.
Dona Elizabeth salvou o filho cavando com as
próprias mãos (Foto: Chandy Teixeira)
próprias mãos (Foto: Chandy Teixeira)
Elizabeth conta que Ronaldo resistiu às tentativas que ela fez para
acordá-lo. "O meu filho tem história para contar. Nasceu de novo. Na
hora que eu chamei ele para levantar, estava descendo muita água lá de
cima", recorda. "Ele ainda me disse que era para não encher o saco que
ele tinha que trabalhar logo cedo, que eu só falava de chuva e barreira.
Foi um pressentimento de mãe, eu senti que ia cair, estava descendo
muita água mesmo", diz.
Ronaldo e a família já decidiram que não vão permanecer no local. Eles
estão sendo assistidos pela Secretaria de Assistência Social de Petrópolis
e devem dormir na casa de parentes nos próximos dias. Ao lado, duas
casas foram completamente destruídas minutos depois por um novo
deslizamento.
O quarto que Ronaldo dormia ficou parcialmente destruído (Foto: Chandy Teixeira)
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