Silas Malafaia: o caçador de pastores
Presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo investiu R$ 4 milhões em curso para formar e capacitar líderes.
Ele
promete bancar cursos universitários para seus pastores em Harvard, já
paga faculdade no Brasil para alguns deles e está em uma cruzada para
formar mão de obra evangélica.
Em
dezembro passado, Silas Malafaia investiu R$ 4 milhões para realizar a
quarta edição da Escola de Líderes da Associação Vitória em Cristo
(Eslavec). Trata-se de um curso para formar e capacitar pastores, para
quem ele paga salários de até R$ 22.000.
Presidente da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que em 2012 recebeu R$ 40 milhões
em ofertas, Malafaia tem hoje 120 templos no país e quer chegar a 1.000
unidades em até 10 anos. Leia a entrevista:
Quanto o senhor paga para seus pastores?
Pago
entre R$ 4.000 e R$ 22.000 reais, e dou a casa, o colégio dos filhos,
tudo. O camarada não precisa se preocupar se a criança se adaptou na
escola, se vai encontrar uma casa para morar. Ajudo com tudo para o
pastor se dedicar a igreja, focar no trabalho que precisa ser feito.
O senhor dá uma parcela do dízimo arrecadado como parte do pagamento de seus pastores?
Não.
A Universal chegou a fazer isso no passado, mas agora não faz mais.
Quando eu mando para uma cidade longe, eu banco gasolina, carro, casa,
tudo e dou boa remuneração. Eu não dou mole para ninguém, não tem
desculpa para não dar certo.
O
senhor tem programas de TV em diversos canais, usa Rolex de ouro e fez
implantes de cabelo. Beleza é um ponto valorizado na hora de contratar
um pastor?
Não
tenho esse tipo de preocupação. O cara pode ser feio, mas precisa ter
dignidade. Aquela coisa “Eu sou pobre, mas sou limpinho”, sabe? O pastor
é um exemplo, tem de estar bem alinhado e penteado. Não escolho pastor
pela cara que ele tem.
Faltam pastores no Brasil?
Na verdade, pastores não faltam. Mas falta qualificação. A Bíblia é
o melhor manual de comportamento do mundo, se o camarada não souber
aplicar teologicamente um conselho para uma pessoa, a coisa complica.
Para atender as demandas do mundo moderno, o cara precisa estar
preparado. O pastor é, em potencial, um psicólogo. Ele precisa lidar com
a vida das pessoas, saber o que dizer, o que aconselhar. Isso não se
aprende de uma hora para outra.
É preciso ser casado para ser pastor?
Olha,
na minha igreja só tem casados. Como dar conselhos e contar
experiências se não passou por aquilo? Ser casado e ter filhos são
condições importantes, quem fala o contrário está mentindo. Tem muita
patrulha em cima disso, mas a Bíblia é clara que o pastor deve antes pastorear sua família. É profético.
Evangélico sofre preconceito?
A
igreja evangélica é um extrato da sociedade. A maioria das pessoas que
vai lá ganha cinco salários mínimos, como o resto do Brasil. Não tem
essa coisa de ser lugar de gente não esclarecida. O mesmo público que
vai ao restaurante vai à igreja. Os crentes são como todos os
brasileiros.
O senhor bancou R$ 4 milhões para fazer o curso da Eslavec. Não pediu ofertas para cobrir esse investimento?
Antes
de o curso começar, algums parceiros tinham dado R$ 1,3 milhão, mas daí
pedi aos alunos ofertas também. No ano que vem, esse curso será
realizado em Fortaleza e terá capacidade para 15.000 pessoas. Vai ser
muito forte.
Quais são os gastos com esse curso?
Vários,
como trazer preletores importantes. Eu trouxe o T. D. Jakes, um bispo
importante dos Estados Unidos. Ele discursou no funeral da Whitney
Houston e é conselheiro do Barack Obama. O cara pede US$ 300.000 por
palestra, mas para mim ele fez por US$ 60.000 porque estava com vontade
de conhecer o Brasil. Os palestrantes brasileiros receberam ofertas de
R$ 20.000.
A sua igreja arrecadou R$ 40 milhões em 2012. Onde o senhor aplica esse dinheiro?
O
dinheiro é investido em templos, na qualificação de pastores e em obras
sociais. Tenho 120 igrejas hoje e quero chegar a 1.000 nos próximos dez
anos.
Há um valor mínimo para dar ofertas para sua igreja?
Claro
que não. Cada um dá quando pode e quanto quiser. Eu tenho empresário
que me dá R$ 300.000 por mês. Há um ministro do Supremo Tribunal de
Justiça que me manda por mês R$ 300,00, R$ 500,00. Outra coisa: 20% das
ofertas que recebo não são de evangélicos, mas de pessoas que se
identificam com minhas obras sociais e com minha conduta. É muito forte.
O senhor tem medo de um pastor deixar sua equipe para fundar uma igreja própria e, com o tempo, ela ficar maior do que a sua?
Se
um cara me disser que quer voar, beleza. É impossível segurar uma
águia. Mas nunca vi um cara dar rasteira e conseguir sobreviver.
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