A notícia é da Agência Senado:
Senado deve votar em maio projeto da Lei Geral das Religiões
As
lideranças partidárias decidiram nesta quarta-feira (17) votar o projeto
da Lei Geral das Religiões em, no máximo, 30 dias. A proposta (PLC
160/2009) foi apresentada na Câmara para tratar de forma isonômica as
diferentes religiões. A iniciativa surgiu depois que o governo
brasileiro assinou, em 2008, um acordo com o Vaticano, criando o
Estatuto Jurídico da Igreja Católica no país.
O texto
estabelece normas sobre ensino religioso, casamento, imunidade
tributária para as entidades eclesiásticas, prestação de assistência
espiritual em presídios e hospitais, garantia do sigilo de ofício dos
sacerdotes, entre outros temas. Também reforça o vínculo
não-empregatício entre religiosos e instituições católicas, ratificando
regras já existentes.
Na avaliação
de religiosos de denominações protestantes, o Estatuto da Igreja
Católica gerou desequilíbrio no tratamento das religiões por parte do
Estado. Foi acordado então que, tão logo o estatuto fosse aprovado no
Senado, seria aprovada também a Lei Geral das Religiões. A lei garante,
da mesma forma que foi feito com a Igreja Católica, direitos às demais
religiões constituídas no país.
Segundo o
senador Eduardo Lopes (PRB-RJ), no entanto, o acordo para votação da Lei
Geral das Religiões não foi cumprido. Ele disse que o projeto está no
Senado desde 2009 e duas audiências públicas já foram realizadas, mas a
proposta não sai das comissões.
Lopes
recolheu assinaturas para um requerimento de urgência que levaria a
proposta de imediato para votação em Plenário. O pedido foi discutido
nesta quarta-feira, mas os senadores decidiram dar mais um mês para a
análise da matéria nas comissões, sem votar o requerimento.
Debates
Atualmente, a
proposta tem de receber parecer das comissões de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ), de Assuntos Econômicos (CAE), de Assuntos Sociais
(CAS) e de Educação, Cultura e Esporte (CE), sendo que apenas nesta
última já conta com relatório, favorável à aprovação. Na CAS, o relator é
o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). que pediu mais tempo para realizar
uma terceira audiência, a fim de ouvir representantes do maior número
possível de religiões e elaborar um relatório consistente.
O adiamento
da urgência também foi defendido pelo senador José Pimentel (PT-CE),
para quem uma discussão mais aprofundada do assunto daria aos senadores
uma posição mais “madura” em relação à proposta. Assim, a decisão foi
acertar a votação do texto em Plenário em meados de maio.
Eduardo Lopes cobrou uma definição rápida para a proposta.
- A questão
toda é essa. Se há compromisso do governo, se há compromisso do PT em
dar celeridade ao processo, em um mês, pode acontecer a audiência
pública que está marcada, não há problema. Mas o que não pode é um
assunto como esse, fruto de um acordo, permanecer parado. Vamos aprovar
isso, por uma questão de isonomia. Não é divisão, não é discussão
religiosa, é apenas isonomia. O mesmo que está no tratado Brasil-Igreja
Católica, é o mesmo que está na Lei Geral das Religiões - argumentou
Eduardo Lopes.
Benefícios fiscais
A previsão
de exame do projeto pela CAE foi questionada pelo líder do PSDB, senador
Aloysio Nunes Ferreira (SP), que disse não ver necessidade de uma
comissão de assuntos econômicos analisar proposta sobre religiões. O
senador Jorge Viana (PT-AC), 1º vice-presidente da Casa, explicou que o
projeto foi encaminhado a CAE, entre outras razões, conceder benefícios
fiscais às entidades religiosas.
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