Ruth de Aquino
Não importa a classe
social. Não importa a idade. Ou o endereço e a profissão. Não importa se
é casada ou solteira. O maior medo da mãe é que seu filho ou sua filha
não seja feliz.
Por mais impalpável que seja esse medo, por mais
subjetivo que seja o conceito de felicidade, a mãe, em sua onipotência,
acredita ser a pessoa mais essencial para fazer de seu filho ou de sua
filha um adulto feliz.
Um dos medos comuns é não ser uma boa mãe –
e esse adjetivo tem dezenas de significados. O que é ser boa mãe? Ela
costuma ter obsessão em manter o filho e a filha alimentados,
agasalhados e saudáveis, qualquer que seja a idade, como se isso os
livrasse de todas as maldades do mundo.
Tantas
mulheres se culpam pelas desventuras dos filhos. Onde foi que errei? É
uma culpa inútil, não leva a nada. Uma culpa perigosa, porque retira dos
filhos a responsabilidade por seus caminhos e os infantiliza.
Existe
hoje, nas famílias, um medo mais concreto, quase tão paralisante quanto
um pesadelo. É um medo maior que o filho ficar sem emprego ou ser
assaltado.
As mães receiam que os filhos se viciem em drogas,
percam a saúde e o rumo. Esse sentimento foi detectado por uma pesquisa
publicada pelo jornal Folha de S.Paulo. As drogas sempre existiram, mas,
hoje, elas atemorizam 45% dos paulistanos. É muito. Fácil entender.
Drogas
são hoje mais letais e disseminadas. O crack e seus efeitos
devastadores estão expostos nas esquinas, nos parques, na mídia. E
desafiam governos, que parecem perdidos e impotentes.
Não há
campanhas maciças nas escolas nem conversas suficientes em casa sobre os
perigos, que podem ser irreversíveis. Vejo, desolada, o choro de mães,
amigas ou não, cujos filhos estão internados por cocaína. Eles entram,
saem, entram de novo – a luta pela reabilitação é eterna.
Na
semana passada, um atleta promissor do Fluminense, Michael, de apenas 20
anos, foi suspenso por uso de cocaína. Com os olhos marejados, Michael
admitiu precisar de tratamento. Pode ficar até dois anos fora dos
gramados. O problema não é o período de punição imposto a ele, mas sua
chance real de se livrar do vício e de não desperdiçar seu talento e sua
vida.
Adianta conversar com os filhos? Adianta. Desde cedo. Mas o
amor e o rigor maternos não são suficientes. Sempre defendi que escolas
levem turmas de adolescentes a presídios e clínicas para escutar
depoimentos de quem se deixou destruir pelas drogas.
O rito da
iniciação continua o mesmo, lúdico e prazeroso, como se não houvesse
amanhã. Antigamente, estudantes fumavam cigarro de tabaco no banheiro da
escola para transgredir e se sentir parte da turma. O mesmo acontece
hoje com drogas mais letais.
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