Plenário da Câmara dos Deputados ontem. Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress |
Dois meses
depois dos protestos de rua em todo o país, o Congresso Nacional retomou
sua rotina de plenários vazios e votações em apenas dois dias da
semana.
Agora que a
pressão direta da população por mudanças não se faz sentir com a mesma
força, deputados e senadores abandonaram a promessa de adotar um ritmo
mais forte nos trabalhos.
Na tarde de ontem, menos de dez deputados e senadores estavam presentes nos plenários das duas Casas.
Oficialmente,
quase 400 congressistas registraram presença no Legislativo, mas
deixaram o local de trabalho ainda pela manhã, pouco depois de marcarem o
"ponto".
No Senado, a
sessão foi encerrada no meio da tarde sem que nenhum projeto chegasse a
ser votado. É praxe na Casa realizar votações às quintas-feiras de
projetos que são consensuais entre os líderes partidários, mesmo com
poucos parlamentares presentes.
Ainda há
projetos da chamada "agenda positiva" gestada no Congresso durante as
manifestações que não foram analisados, como o projeto que cria o passe
livre para estudantes no transporte público e o que acaba com o foro
privilegiado de autoridades.
"Se o povo sai
das ruas, o Congresso sai dos trilhos. É importante que a pressão
popular se mantenha", declarou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O tucano chegou ao plenário minutos depois do encerramento da sessão com o objetivo de discursar, mas já era tarde demais.
Nem mesmo os
presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, apareceram ontem
no Congresso.
Renan viajou
para São Paulo, acompanhado de outros senadores, numa comitiva formada
para visitar o senador José Sarney (PMDB-AP), que está internado no
Hospital Sírio-Libanês.
Gabriela Guerreiro
Breno Costa
Folha de S.Paulo
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