Segundo polícia local das Filipinas, foram ao menos 10 mil mortos.
Tufão perdeu força ao chegar no Vietnã; ventos são de 120 km/h.

O tufão Haiyan tocou a terra no Vietnã
na manhã desta segunda-feira (noite de domingo no Brasil), informaram
meteorologistas, depois de deixar ao menos 10.000 mortos e 2.000
desaparecidos em sua passagem pelas Filipinas, segundo estimativas
divulgadas por autoridades locais neste domingo (10).
O Centro de Alerta Conjunto de Tufões dos Estados Unidos (JTWC, na
sigla em inglês) informou, em um boletim atualizado às 19h00 de
Brasília, que a tempestade "está tocando terra atualmente"
aproximadamente 160 km a sudeste da capital, Hanói, duas horas antes do
previsto.
A tempestade, que perdeu força significativamente desde que devastou as Filipinas
no fim de semana, chegou ao Vietnã com ventos sustentados de 120 km/h,
acrescentou o JTWC, força-tarefa conjunta da Marinha e da Força Aérea
americanas sediada em Pearl Harbor, no Havaí.
As previsões são de que o tufão passe pelo Vietnã com a força
equivalente à de um furacão de categoria um - a mais fraca da escala de
velocidade de ventos, que vai até cinco - ou como tempestade tropical.
O governo vientnamita informou em seu site na internet que cinco
pessoas haviam morrido enquanto se preparavam para a chegada da
tempestade. Na China, mais ao norte, seis membros de um navio cargueiro
foram reportados como desaparecidos na província de Hainan, noticiou a
imprensa oficial chinesa.
Mais de 600.000 pessoas foram evacuadas durante o fim de semana
preventivamente no Vietnã. Fortes chuvas e inundações castigaram os
moradores de Hanói, enquanto dezenas de milhares de pessoas de regiões
costeiras foram aconselhadas a buscar abrigo.
"Evacuamos mais de 174 mil domicílios, o equivalente a mais de 600 mil
pessoas", informou um relatório oficial do departamento vietnamita de
controle de enchentes e tempestades.
A tempestade mudou seu curso no domingo, forçando evacuações em massa
de cerca de 52 mil pessoas nas províncias do norte à beira-mar.
Segundo a Cruz Vermelha, a mudança de curso do tufão significa que "a
área de desastre poderia ser ampliada pde nove para até 15 províncias".
Haiyan "foi localizado na direção norte-nordeste a 28 km/h nas últimas seis horas", informou a JTWC em seu site na internet.
A tempestade deve continuar se movendo na direção norte antes de virar para nordeste e se dissipar rapidamente.

O desastre natural mais mortal das Filipinas
Durante o fim de semana, em sua passagem pelas Filipinas, Haiyan deixou pelo menos 10 mil mortos e 2 mil desaparecidos, cifras que fazem dele o desastre natural mais mortal já registrado no país, segundo estimativas das autoridades divulgadas neste domingo.
Duas ilhas do centro do arquipélago filipino, Leyte e Samar, que
estavam em plena trajetória do Haiyan quando ele atingiu o país, na
madrugada de sexta-feira, foram especialmente afetadas.
Em Tacloban, capital da província de Leyte, o tufão deixou imagens
apocalípticas, com filas de homens, mulheres e crianças andando pelas
estradas com o nariz coberto para se proteger do cheiro dos corpos sem
vida.
"Tacloban está totalmente destruída. Algumas pessoas estão perdendo o
juízo pela fome ou pela perda de suas famílias", contou este domingo à
AFP o professor do ensino médio Andrew Pomeda, de 36 anos, alertando
para o desespero crescente dos sobreviventes.
Socorristas pareciam sobrecarregados em seus esforços para tentar
ajudar os incontáveis sobreviventes. Centenas de policiais e soldados
foram mobilizados para conter os saques na cidade costeira, enquanto os
Estados Unidos anunciaram que irão enviar ajuda militar, atendendo a um
apelo do governo filipino.
"As pessoas estão ficando violentas. Estão saqueando estabelecimentos
comerciais, shoppings, apenas para encontrar comida, arroz e leite.
Estou com medo de que em uma semana as pessoas possam matar por causa da
fome", acrescentou o professor Pomeda.
Um homem, Edward Guialbert, perambulava entre os cadáveres para
recuperar alimentos em conserva sob os escombros de uma casa. Mais
adiante, um açougue que por milagre permaneceu intacto foi saqueado por
uma multidão. Um comboio de ajuda da Cruz Vermelha também foi saqueado.
Momentos após a passagem do tufão, as forças de segurança estavam praticamente ausentes.
"Nós nos reunimos com o governador (da província de Leyte) na noite
passada e, baseando-nos nas estimativas do governo, há 10.000 vítimas
(fatais)", declarou à imprensa Elmer Soria, funcionário de alto escalão
da polícia de Tacloban, a capital da província de Leyte, na ilha de
mesmo nome.
Em Samar, porta de entrada do tufão no país na sexta-feira, foi
confirmada a morte de ao menos 300 pessoas na pequena cidade de Basey, e
outras 2.000 estão desaparecidas em toda a ilha, indicou Leo Dacaynos,
membro do conselho de gestão de catástrofes, à rádio DZBB.
Também foi confirmada a morte de dezenas de pessoas em outras cidades e províncias devastadas pelo super tufão.
Muitas localidades permaneciam incomunicáveis e as autoridades
enfrentavam muitas dificuldades para agir devido à magnitude da
catástrofe e ao número de vítimas a serem resgatadas.
Um cenário que lembra o tsunami de 2004
Casas destruídas, postes elétricos derrubados, carros virados e sobreviventes atordoados percorrendo as ruas: a paisagem deixada pela passagem do Haiyan, acompanhado por ventos de até 315 km/h, lembrava a destruição provocada pelo tsunami de 2004 na Ásia.
Casas destruídas, postes elétricos derrubados, carros virados e sobreviventes atordoados percorrendo as ruas: a paisagem deixada pela passagem do Haiyan, acompanhado por ventos de até 315 km/h, lembrava a destruição provocada pelo tsunami de 2004 na Ásia.
"Ocorreram grandes destruições (...) A última vez que vi algo parecido
foi durante o tsunami no oceano Índico, que deixou 220.000 mortos em
2004", afirmou Sebastian Rhodes Stampa, chefe da equipe da ONU
encarregada da gestão de desastres que se encontrava em Tacloban.
No ngelus deste domingo, o papa Francisco, que já havia enviado uma
mensagem de apoio às vítimas pelo Twitter, fez uma oração em silêncio
com os mais de 60.000 fiéis reunidos na Praça de São Pedro. "Vamos
tentar fazer nossa ajuda concreta chegar a eles", acrescentou.
Vários países ofereceram ajuda às Filipinas. Os Estados Unidos
fornecerão helicópteros, aviões, barcos e equipamentos destinados à
busca e ao resgate, após um pedido feito por Manila, indicou o
secretário americano da Defesa, Chuck Hagel.
Austrália e Nova Zelândia entregaram neste domingo quase meio milhão de
dólares (370.000 euros) à Cruz Vermelha das Filipinas e indicaram que
podem fornecer ajuda adicional.
A UNICEF preparou 60 toneladas de ajuda sanitária, que deve chegar ao
país na terça-feira, e o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PAM) está
organizando o envio de 40 toneladas de alimentos.
Todos os anos, as Filipinas são atingidas por cerca de vinte tempestades e tufões entre os meses de junho e outubro.
Além dos tufões, o país sofre regularmente com a ira da natureza, em
forma de terremotos ou erupções vulcânicas, com um balanço de vítimas
fatais cada vez maior.
Se o balanço de 10.000 mortos se confirmar, o Haiyan será a pior catástrofe natural já registrada na história recente do país.
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