Parte de um retrato
Todo o mundo político
está na expectativa da divulgação da pesquisa nacional Ibope, nesta
terça-feira (26), principalmente nos comitês dos candidatos. Mas uma
pesquisa do mesmo instituto sobre a disputa no Paraná pode servir de
parâmetro para comprovar que há mudanças na corrida eleitoral. Elas
podem ser com maior ou menor intensidade, dependendo do Estado ou da
região, mas fica claro que começou uma nova campanha com a entrada de
Marina Silva no páreo, em substituição a Eduardo Campos.
No primeiro instante,
parecia que Marina avançava sobre o eleitorado de Aécio Neves, deixando
Dilma Rousseff intacta. Mas não é isso o acontece no Paraná: lá, Marina
está na dianteira com 29% das intenções de votos, contra 28% para Dilma e
24% para Aécio. Antes da tragédia com Campos, havia a expectativa de
que Aécio pudesse assumir a dianteira no Estado, coisa que aconteceu em
eleições anteriores para o candidato tucano à Presidência. Agora, Aécio
ficou em terceiro, mas tudo mais ou menos embolado.
O mais curioso se dá
por dentro da pesquisa: entre os eleitores de 25 a 34 anos de idade,
Marina dispara para 35% dos votos, e Dilma e Aécio sem embolam no
segundo lugar, com o tucano um pouco à frente (22% contra 20% para
Dilma). Entre os eleitores de ensino médio, Marina continua à frente com
31% das intenções de votos, Aécio, com 25%, e Dilma, 23%.
No entanto, a diferença
maior fica entre os eleitores com ensino superior: o tucano sai na
dianteira com 38% das intenções de voto, contra 35%, de Marina, e 16%
para Dilma – ou seja, a petista ficaria fora do segundo turno se a
eleição fosse neste contingente eleitoral.
É claro que este
contingente é muito pequeno diante do conjunto do eleitorado
brasileiro. Por outro lado, pode indicar motivo de preocupação para
Dilma. Se for eleita, terá de governar com forte oposição de parte do
eleitorado paranaense.
Outro dado curioso da
campanha no Paraná a esta altura da disputa: o crescimento de Marina não
se reflete na disputa estadual que, pelo que mostram as pesquisas até
aqui, segue em outra faixa, sem ser contaminada pela corrida
presidencial. Ou seja, a queda de Aécio não afetou a disputa no Estado e
nem a candidatura do tucano de lá, Beto Richa.
Resumo da ópera: a
campanha está em aberto. Os primeiros movimentos começam a acontecer de
forma mais brusca, mas ninguém é capaz de afirmar o que vai acontecer
daqui para frente. Em disputas anteriores, os especialistas afirmavam
que o cenário dos primeiros dias de setembro tinha muita chance de ser o
retrato final da disputa.
Com tantas mudanças,
tragédias e novidades nessa corrida eleitoral, o que se diz agora é que
este retrato só será visto no fim da primeira quinzena de setembro. Ou
seja, retardou mais um pouco.
Portanto, a ordem nos comitês eleitorais é que todos devem ter paciência.
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