Em entrevista
veiculada na noite passada pela Rede TV!, Dilma Rousseff sinalizou que,
sob sua presidência, o governo jamais se acomodará. Entre o certo e o
errado, haverá sempre espaço para mais erros. Na Petrobras, por exemplo,
a extensão do equívoco será ilimitada.
PAULO
ROBERTO COSTA, O DELATOR - Investigado pela Operação Lava Jato da
Polícia Federal, que apura esquema bilionário de lavagem de dinheiro,
Paulo Roberto Costa é ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras,
cargo que ocupou entre 2004 e 2012. Foi preso em março deste ano por
tentar ocultar provas que o incriminavam. Solto em maio, foi preso
novamente em junho, e fez acordo de delação premiada com a PF em agosto,
o que possibilitaria uma redução de sua pena em caso de condenação. Em
depoimentos gravados feitos à polícia, ele cita, segundo a revista
"Veja", ao menos 25 deputados federias, 6 senadores, 3 governadores, um
ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP),
que teriam recebido propina de 3% do valor dos contratos da estatal Leia mais Renato Costa/Frame/Folhapress
A
Petrobras, como se sabe, convive com o absurdo. Preso, um ex-diretor
conta às autoridades como saqueou as arcas da companhia para saciar as
pulsões patrimonialistas de políticos governistas. Contra esse pano de
fundo, perguntou-se a Dilma se extinguirá o modelo das nomeações
políticas.
E ela: no meu governo, escolhi dentre os que eu
considerava os melhores quadros da Petrobras. Vou continuar fazendo
assim. Foi o que o presidente Lula fez. Vou continuar mantendo esse
critério de escolher dentre os melhores. Esse é o melhor critério.
Quem
assistiu foi tomado de assalto (ops!) pela impressão de que, sob o PT, o
absurdo adquiriu uma doce, persuasiva, admirável naturalidade. A menos
de quatro meses de fechar a conta do seu primeiro mandato, Dilma se
espanta cada vez menos. Tornou-se uma administradora de pouquíssimos
espantos.
Dilma referiu-se a Paulo Roberto Costa, o ex-executivo
da Petrobras que virou delator, como um competente funcionário de
carreira. Lembrou-se a ela que o executivo-delator tinha virado diretor
de Abastecimento da Petrobras por indicação política. Sustentavam-no PT,
PMDB e PP.
A senhora acha adequado? Em vez de responder com um
‘sim’ ou ‘não’, a Dilma preferiu praticar o esporte preferido do PT:
tiro ao FHC. Paulo Roberto foi alto funcionário do governo Fernando
Henrique, disse ela. Se não me engano, foi diretor da Gaspetro e gerente
de exploração e prospecção de petróleo da região Sul. Dilma concluiu:
os melhores quadros da Petrobras transitam de governo para governo.
A
entrevistada não explicou se Paulinho, como Lula chamava o ex-executivo
preso, já trazia o selo partidário da gestão FHC. Para ela, o
apadrinhamento é normal. Se os aliados indicarem para a Petrobras uma
ratazana, Dilma não fará a concessão de uma surpresa. É ratazana? Pois
que seja ratazana! Se for uma ratazana de carreira, aí mesmo é que a
nomeação sai. Se for uma alta ratazana da gestão FHC, as chances
quintuplicam.
Entende-se agora por que Dilma mantém na Petrobras
personagens como o ex-senador Sérgio Machado. Foi alojado no comando da
subsidiária Transpetro em 2003, no alvorecer do primeiro reinado de
Lula. Indicou-o, decerto movido por alguma inspiração patriótica, o
notório senador Renan Calheiros.
Em dezembro, Sérgio Machado
completará 12 anos de Petrobras. De duas, uma: ou o afilhado de Renan é
um executivo genial ou Dilma, a exemplo do que fizera Lula, suprimiu dos
seus hábitos o ponto de exclamação.
Amanhã, se der algum novo
rolo, Dilma repetirá o que diz agora sobre Paulo Roberto Costa, o
Paulinho: eu não sabia. O que nos espantou a todos foi que um desses
quadros competentes da Petrobras cometeu esses delitos, ela acrescentou.
Sem querer, Dilma revoluciona o brocardo. Se o seu governo ensina alguma coisa é o seguinte: é errando que se aprende… A errar!
do Blog do Josias de Souza
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