“E constrangeram um certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a que levasse a cruz.” (Mc 15.21)
Aproxima-se a celebração máxima do cristianismo: a Páscoa. Creio ser tanto ou mais representativa que o Natal, pois lembra-nos do sacrifício único e suficiente de nosso Salvador, Jesus Cristo, e de Sua ressureição.
Recentemente ouvia uma música “Watch the Lamb”, do Ray Boltz, muito bem traduzida para o português por Samuel Tito, que a gravou há alguns anos. Ela conta a história de Simão, o qual foi “gentilmente convidado”, para não dizer “obrigado” a carregar a cruz de Cristo em sua “via crucis” até o local da crucificação, o Gólgota.
Simão, que habitava em Cirene, hoje uma região da Líbia, onde havia uma colônia judaica, foi pai de dois nomes importantes da Igreja Primitiva, Alexandre e Rufo. Ele presenciou aqueles momentos de sofrimendo de nosso Senhor, e teve o privilégio de carregar Sua cruz.
Quanto pesava aquela cruz? Estudiosos dizem que aproximadamente de 13 a 20 quilos. Os que já são pais sabem que esse é o peso médio de uma criança entre 3 e 4 anos. Sabem também que dá uma certa canseira carregar seus filhos por muito tempo no colo, como em fins de festa, passeios no shopping quando elas dormem e similares. Mas para um prisioneiro, já debilitado por açoites e maus tratos, ferido e fraco, o peso é praticamente insuportável. Lembrando ainda que Jesus já vinha de uma madrugada conturbada, provavelmente nem tinha se alimentado dignamente.
Fico imaginando o que se passava pela cabeça de Simão naqueles momentos. Será que ele ficou revoltado? Afinal de contas foi pego de surpresa, não tinha nada a ver com o que estava acontecendo ali, nem conhecia o prisioneiro, era apenas só mais um curioso olhando aquele espetáculo mórbido…
No fundo ele tinha tudo a ver com o que estava se passando, aquela cruz também era dele. Era minha, era sua. Talvez, se realmente soubesse disso, de forma impetuosa teria até se oferecido para tomar o lugar de Cristo, mas isso não seria o suficiente para a salvação, nem dele nem de ninguém, pois apenas o Cordeiro sem pecado poderia pagar pelos pecados dos homens.
Será que Simão, após completar o trecho percorrido, ficou para assistir a crucificação? Será que ele entendeu o que significava? Talvez tenha entendido a posteriori. Seus filhos, pelo menos de acordo com relatos que chegaram até nós, entenderam e pregaram o Evangelho de Cristo com os primeiros cristãos. Até onde foram influenciados por seu pai? Não sabemos, mas podemos dizer que a oportunidade de Simão foi única. Quem me dera poder participar, mesmo que de forma discreta, desse evento tão importante para mim. Não é à toa que esse relato está na Bíblia. Aponta para o discipulado que o próprio Jesus instruiu, se não vejamos em Marcos 8.34: “E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.”
A história é tão bela que não culmina no sacrifício de Cristo, mas na Sua ressureição, mostrando-nos que não só zerou a conta que a humanidade tinha pelos seus pecados, mas sobrepujou, derrotou o salário desse pecado: a morte. Dessa forma declarou a soberania de Deus sobre o pecado, extirpou qualquer dúvida ou apontamento sobre seu Poder.
A Páscoa, assim como o Natal, é também uma ótima data para se refletir sobre nossa relação com Deus. Sobre nossa gratidão a Ele pelo sacrifío de Jesus. Pela Sua Graça em nos conceder a Salvação de forma imerecida, de forma pela qual não podíamos, sequer, pensar em retribuição, pois está muito além de nossa capacidade.
Nisso Simão foi um dos mais privilegiados homens que existiu, teve seu nome ligado ao nosso Salvador de forma maravilhosa.
O que posso fazer se não agradecê-Lo por ser eu um dos quais tem o nome também atrelado à essa Salvação? Se esse é também seu caso, junte-se a mim, toma sua cruz e siga-O.
Por: Enos Moura Filho
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