Por Hermes C. Fernandes
Àqueles
que ainda não compreenderam a razão de usarmos a expressão
"cristianismo subversivo". O que há de subversivo na mensagem de Jesus?
TUDO! Se sua mensagem não fosse de caráter revolucionário, então, seria
como chover no molhado, dizer o que já havia sido dito. Jesus subverte a
ordem vigente, não pela força, mas através de ideia totalmente
inovadora, que tem como carro chefe o amor.
Nada mais subversivo
de que dizer que os últimos seriam os primeiros, que prostitutas
precederiam os religiosos hipócritas no reino, que o maior tinha que ser
o que servisse aos demais, que a salvação independe de merecimento,
etc. Quem não entendeu a subversividade do evangelho, realmente não
entendeu coisa alguma dele.
Do
ponto de vista religioso convencional, Jesus foi um marginal, um
rebelde revolucionário. Nasce numa manjedoura, em vez de num palácio;
anda cercado de publicanos e prostitutas, os párias da sociedade, em vez
de fazer média com os religiosos; desfila em Jerusalém montado num
jumentinho em vez de ostentar luxo montado num corcel branco; lava os
pés dos discípulos como se fosse um escravo, e ainda por cima, termina
sua trajetória numa vergonhosa cruz usada para executar criminosos e
insurgentes. Alguém que tenha vivido assim jamais gostaria de ser
confundido com uma personalidade religiosa, cheia de pompas e de "não me
toque". A indústria gospel é uma afronta ao meu rei.
O
Jesus a quem sigo foi um desajustado. Nunca se deixou adestrar pelo
sistema. Foi uma voz dissonante, perturbadora, que se fazia ouvir nas
ruas, mas ecoava dentro dos palácios, dos corredores do poder e do
templo, tirando o sono de quem fazia do discurso religioso uma
justificativa para sua ganância e arrogância. A sabedoria do galileu
depôs contra a demência dos poderosos. Como amo esse Jesus, e quão
distante dele tem estado muitos dos que dizem representá-lo.
Os
que foram apresentados a um Jesus caricato e, com ele se acostumaram,
sentem-se ultrajados e escandalizados quando se veem cara a cara com o
Jesus que emerge das páginas sagradas. Seu paladar parece não estar
preparado para degustá-lo. Sua mensagem afronta nossa altivez e
mesquinhez.
Definitivamente,
a igreja é um lugar para os desajustados, para aqueles que não
conseguem ajustar-se aos esquemas e conchavos, que marcham corajosamente
na contramão do mundo, rebeldes com causa e pela causa do reino de Deus e sua justiça.
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