Ministro Lewandowski. Imagem: Cristiano Moriz/Veja |
O Tribunal Superior Eleitoral sumiu com os pareceres técnicos que sugeriam a reprovação das contas do PT na época do mensalão e da campanha da presidente Dilma em 2010. Documentos revelam que isso ocorreu por determinação do ministro Ricardo Lewandowski
Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal monopolizava as atenções do país quando alinhavava as últimas sentenças aos responsáveis pelo escândalo do mensalão.
Naquele
mesmo mês, só que em outra corte de Justiça e bem longe dos holofotes,
um auditor prestava um surpreendente depoimento, que jogava luz sobre
episódios ainda nebulosos que envolvem o maior caso de corrupção da
história.
O
depoente contou que, em 2010, às vésperas da eleição presidencial, foi
destacado para analisar as contas do PT relativas a 2003 - o ano em que
se acionou a superengrenagem de corrupção. Foi nessa época que Delúbio
Soares, Marcos Valério, José Genoino e o restante da quadrilha comandada
pelo ex-ministro José Dirceu passaram a subornar com dinheiro público
parlamentares e partidos aliados
Havia
farto material que demonstrava que a contabilidade do partido era
similar à de uma organização criminosa. Munido de documentos que
atestavam as fraudes, o auditor elaborou seu parecer recomendando ao
tribunal a rejeição das contas. O parecer, porém, sumiu - e as contas do
mensalão foram aprovadas.
Menos
de dois meses depois, ocorreu um caso semelhante, tão estranho quanto o
dos mensaleiros, mas dessa vez envolvendo as contas da última campanha
presidencial do PT.
O
mesmo auditor foi encarregado de analisar o processo. Ao conferir as
planilhas de gastos, descobriu diversas irregularidades, algumas
formais, outras nem tanto. Faltavam comprovantes para justificar
despesas da campanha. A recomendação do técnico: rejeitar as contas
eleitorais, o que, na prática, significava impedir a diplomação da
presidente Dilma Rousseff, como determina a lei.
Ocorre
que, de novo, o parecer nem sequer foi incluído no processo - e as
contas de campanha foram aprovadas. As duas histórias foram narradas em
detalhes pelo auditor do Tribunal Superior Eleitoral, Rodrigo Aranha
Lacombe, em depoimento ao qual VEJA teve acesso.
Ambas
cristalizam a suspeita de que a Justiça Eleitoral manipula pareceres
técnicos para atender a interesses políticos - o que já seria um
escândalo. Mas há uma acusação ainda mais grave. A manipulação que
permitiu a aprovação das contas do mensalão e da campanha de Dilma
Rousseff teria sido conduzida pessoalmente pelo então presidente do TSE,
o ministro Ricardo Lewandowski.
A matéria completa pode ser lida da edição 2334 (14 de agosto de 2013) da revista Veja.
do Política na rede
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