O que os pastores da CGADB farão em Fortaleza
Centro de Eventos do Ceará |
A cidade de
Fortaleza, CE, hospedará mais uma vez a Assembleia Geral da CGADB.
Serão quatro dias dedicados aos mais variados assuntos, previstos no
temário, com ênfase para a evangelização e o discipulado. Cerca de três
mil pastores de todo o Brasil terão a oportunidade ímpar não só de
avaliar o desempenho da AD nos últimos anos, como também buscar caminhos
que a reconduzam aos mesmos patamares dos padrões primitivos de
crescimento [...].
Espera-se,
portanto, que esta seja a tônica dos debates, pois não é mais possível
postergar um problema que se institucionaliza e pode lançar a AD no
Brasil na mesma vala comum da religiosidade histórica. Isto é, um
passado rico de espiritualidade, um presente de ostentação, mas uma
prática hodierna sem vida, mergulhada na frieza do formalismo
eclesiástico. Que a AD no Brasil não cresce, hoje, com a mesma
desenvoltura da década de 50 foi, inclusive, um dos pontos da mensagem
do pastor Phillip Hogan, no culto de abertura do 1° Congresso Mundial das Assembleias de Deus, realizado na Coréia [...].
Em primeiro
lugar, há que se ir ao âmago da questão. Não é hora para sutilezas,
superficialidades ou paliativos. É preciso ir às causas, removê-las e
mudar o eixo da postura da igreja para a sua verdadeira base.
Em segundo
lugar, há que se ter transparência para reconhecer o que está errado e
aceitar, com humildade, as correções de rumo que forem indispensáveis.
Não adianta varrer para debaixo do tapete as possíveis mazelas que
obstruem a caminhada da igreja. Isto só faz tornar mais grave o problema
e adiar soluções que, se adotadas agora, tornariam promissor o amanhã.
Em terceiro
lugar, o peso maior cabe à liderança, a quem Deus constituiu para
conduzir os rumos da AD no país. Não custa nada acrescentar que a
institucionalização da igreja continua consumindo grande parte do tempo
dos pastores em assuntos administrativos, articulações "diplomáticas" e
outras atividades paralelas, em detrimento das causas maiores: a
evangelização, o discipulado, o retorno ao altar, a vida de inteira
consagração a Deus. As assembleias gerais acabam sendo, neste caso, um
escoadouro dessas tensões, que passam a ocupar todo o espaço
convencional. Os temas permanentes e produtivos ficam para outra
ocasião...
Em quarto
lugar, é preciso ouvir as vozes proféticas que se levantam, aqui e
acolá, clamando pelo retorno da igreja aos padrões apostólicos. Gritos
angustiantes de alerta têm sido ouvidos por toda parte, advertindo
contra certos caminhos tomados, que, com certeza, levarão ao fracasso
total, não havendo correção de rota.
Fortaleza poderá significar,
portanto, a abertura dos celeiros de Deus sobre a AD no Brasil, desde
que seja essa a perspectiva de todos os convencionais. Aí, sim, os
tempos gastos nas sessões plenárias não será em vão, pois terá como
prioridade as causas que farão a igreja tomar novo impulso e viver uma
nova fase de vitórias em sua trajetória.
***
Com a omissão de apenas dois parágrafos, que não retiram a lógica do texto, esse é o editorial do Mensageiro da Paz N° 1293,
do mês de dezembro de 1994, escrito e assinado por mim, às vésperas da
AGO da CGADB que se realizaria em janeiro de 1995, na cidade de
Salvador, BA. Para os dois objetivos que tenho em mente, mudei apenas o
nome da cidade para Fortaleza e o número de dias previstos para a AGO.
Lá foi de sete dias; na capital cearense será de apenas quatro dias.
Quis mostrar, em
primeiro lugar, que os meus escritos atuais sobre a CGADB são coerentes
com o que já escrevia naquela época. A diferença é que hoje desfruto de
independência do sistema e posso usar de mais clareza quando exponho as
minhas posições. Mas o eixo não mudou. A minha voz sempre ecoava,
quando entendia que os rumos não eram aqueles. Naquela época já alertava
para os graves problemas enfrentados pela CGADB.
O meu segundo
objetivo é deixar claro para os pastores mais recentes que, embora
fosse à época Diretor de Publicações da CPAD e responsável por escrever e
assinar os editoriais do Mensageiro da Paz, jamais fui de me omitir em
expressar a realidade que vivíamos, mesmo que não pudesse usar cores
vívidas para trazer mais transparência. Mas se você leu o editorial,
deve ter percebido alusões bastante sinalizadoras, como esta, por
exemplo: "Não adianta varrer para debaixo do tapete as possíveis mazelas que obstruem a caminhada da igreja".
Infelizmente, de lá para cá as coisas só fizeram piorar. Não creio também que Fortaleza trará qualquer resgate à história assembleiana.
do Blog do Pastor Geremias Couto
do Blog do Pastor Geremias Couto
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