Rádio A Melhor do Universo

08 janeiro 2014

CUIDA DE TI MESMO


                Esta foi a minha sétima maratona (Curitiba), a mais dura por causa do difícil percurso,                                      concluí-la foi uma grande alegria.

Ziel Machado

Tenho ouvido com certa frequência a seguinte pergunta, por que você corre? Aqui vai minha resposta.

A vida nos obriga a fazer escolhas. Uma jornada de intensa alegria e autogratificação, pode nos conduzir a finais trágicos. Escolhas que parecem acertadas e que produzem o prazer imediato, podem esconder um processo lento e corrosivo de autodestruição. Outras vezes, um caminho que nos conduz em direção a dor, ao limite, a sensação e expressão de extrema fragilidade, pode nos levar a um final glorioso. É certo que terminar uma maratona é uma glória passageira, fugaz, mas, ainda assim, cheia de significado.

O caminho que nos faz superar os 42,195 Km de uma maratona é longo, com uma ampla variedade de desafios. Ele nasce no silêncio de um desejo secreto, que teme se tornar palavra, um compromisso público. No meu caso nasceu da necessidade de superar um estilo de vida sedentário, que estava colocando minha saúde em sério risco, e levou-me a pedir ajuda, a reconhecer que algo deveria ser feito e que, sozinho, não seria capaz realizar. Assim, junto com um processo de reeducação alimentar, cheguei até um grupo de corrida. Eu perguntava, será que a esta altura da vida ainda sou capaz de aprender? Será que sou capaz de lutar contra hábitos tão profundos na minha forma de me alimentar, descansar (ou não descansar)? Será que ainda sou capaz de encontrar um estilo de vida que saiba discernir as prioridades em meio as minhas muitas urgências? Como encontrar tempo em meio a tantas coisas importantes que estou envolvido?

Comecei lentamente, com o auxílio de minha bengala, a caminhar. Em sofrimento seguia os meus curtos passos, a cada passo uma luta com a vontade de desistir mas, cada metro vencido era uma vitória. As mudanças começaram ocorrer, do lado de fora, o meu peso foi baixando, a maior mudança contudo, estava ocorrendo, de forma sutil, de dentro para fora. No grupo as pessoas compartilhavam suas histórias, de como aquele momento de correr se tornou em um novo estilo de vida. Me encantava ver como se dava esta transposição da superação de obstáculos nos treinos e provas para as experiências cotidianas da vida. Neste ambiente ouvi dos 5Km, dos 10km, sentia um misto de atração e temor pelo desafio. Entre apavorado e exultante ouvi pela primeira vez o meu treinador dizer, “chegou o momento, você deve se inscrever na próxima corrida de 10 Km!” A euforia tornou-se ansiedade mas lá, no dia da prova, uns amigos se colocaram ao meu lado e disseram, “vamos juntos, fica tranquilo você consegue”.E assim foi, com os 15Km, os 21Km, e os 25Km, até chegar a ideia dos 42,195 Km.

Vieram os treinos longos. Eles me ensinaram a discernir entre prioridades, a mudar a forma de me alimentar e descansar, a rever meus hábitos em relação ao consumo de água e da disciplina do sono. Chegou o dia da primeira maratona, havia memorizado o percurso, seguido a risca toda as recomendações do mestre. Resolvi seguir um corredor experiente, queria manter um ritmo seguro que me permitisse concluir aquela prova. Doce ilusão, maratona não é matemática, as coisas ocorrem de maneira surpreendente. No 33 Km meu pacer “quebrou”, agora teria que seguir só, foi um momento de pavor. Um pouco adiante encontrei o meu treinador, ele reforçou algumas recomendações sobre como seguir adiante e não somente isso, ele chamou um companheiro de equipe e disse, ” acompanhe o Ziel até o 38Km, se ele não sentir câimbras até lá, deixe-o seguir adiante.” Quando me vi sozinho no 40Km exausto, pensei, ” vou desistir tão perto do fim?” Nisso ouvi a voz de uma companheira de equipe que se aproximava e dizia, ” pode tirar essa cara de desistência do rosto, eu vou te levar até o final, respire e siga o meu ritmo!” Cruzar a linha de chegada foi algo profundo, especial, reverente, magnífico, uma experiência espiritual (acho que um pastor pode falar assim, não é?). Desde 2010 essa experiência de concluir uma maratona já se repetiu por 7 vezes.

Seria necessário um livro para poder descrever todas as transformações pelas quais tenho passado como resultado deste novo estilo de vida, acho que ainda o escreverei. Tudo isso me veio a mente para lembrar que, nossa humanidade não é contrária a nossa vocação, que o cuidado com a saúde modela o exemplo de mordomia deste dom magnífico que Deus nos deu, a vida! Como escreveu Paulo a Timóteo; “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina”. Isso tem implicações ministeriais importantes. Concluir uma maratona é um momento de glória, de certo fugaz, mas cheia de significado. É um momento de gratidão ao Autor da Vida.

Então, o que nos impede de levar a sério o cuidado com nossa saúde física? O que isto revela?



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